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José Dirceu cobra rapidez no julgamento do mensalão pelo Supremo

Rayder Bragon<br/> Especial para o UOL<br/> Em Belo Horizonte

10/12/2008 20h59

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse querer a todo custo celeridade no julgamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal) do processo do "mensalão" (escândalo de compra de votos no Congresso em 2005), no qual ele é réu. Para tanto, Dirceu alega que outros personagens acusados pela Justiça de terem participado do episódio já estão envolvidos em "novos escândalos".

  • Joel Silva/Folha Imagem - 06.dez.2008

    O ex-ministro José Dirceu, em foto de 6 de dezembro, em hotel onde o PT realizou seminário em São Roque (SP)

O ex-ministro teve o mandato de deputado federal cassado em 2005 pelo plenário da Câmara dos Deputados e ficará inelegível até o ano de 2015. Ele esteve em Belo Horizonte nesta quarta-feira (10) para ministrar uma palestra.

"Mais uma razão para julgar, julgar rápido. A única coisa que eu quero é que o Supremo julgue", disse Dirceu ao ser questionado sobre as recentes prisões pela Polícia Federal (PF) do publicitário Marcos Valério e do empresário Enivaldo Quadrado.

Os dois são réus no processo do "mensalão", porém, são acusados de envolvimento em novos crimes. Quadrado foi preso no último fim de semana acusado de tentar entrar no país com cerca de 360 mil euros, parte do dinheiro acondicionado na cueca, e Valério está preso em São Paulo, desde outubro, acusado de montar inquérito fraudulento contra fiscal que havia aplicado multa de R$ 100 milhões em empresa da qual Valério atua como conselheiro.

"Eu quero ser julgado, mas pelo andar do processo, ele não vai ser julgado antes de 2011. Eu considero isso uma coisa inaceitável. Como você pode acusar alguém de ser chefe de quadrilha, corrupto, depois falar para ele que ele vai ser julgado sete ou oito anos depois", reclamou.

José Dirceu disse acreditar que haveria mais agilidade se o processo fosse desmembrado. Também lembrou não ter foro privilegiado à época da denúncia feita pelo STF, por ter sido cassado pela Câmara, fato que o isentaria de ser julgado no STF.

"Não fui eu que organizei a denúncia de 40 réus nem acusei cada réu quatro, cinco vezes no mesmo crime, o que dá direito a quatro, cinco testemunhas. Nem pedi foro privilegiado. Eu deveria estar sendo julgado na primeira instância. Quem tomou a decisão de denunciar juntos os 40 foi o Ministério Público (MP). Poderia ter tido uns cinco processos", avaliou.

O ex-ministro revelou esperar ser absolvido no processo para então tentar ser anistiado e recuperar seus direitos políticos antes do prazo estipulado.

José Dirceu e o mensalão

O ex-ministro era tido como homem forte do governo Lula, mas renunciou no auge da crise do mensalão, em 2005. Dirceu havia sido acusado de ser um dos artífices do escândalo de pagamento de propina a deputados de partidos aliados em troca de apoio ao governo Lula. Após sair, Dirceu reassumiu o cargo de deputado Federal (PT-SP), em junho de 2005.

No entanto, em dezembro daquele ano, ele teve o mandato cassado sob acusação de falta de decoro parlamentar, o que acarretou sua inelegibilidade até 2015.

Em agosto de 2007, Dirceu, juntamente com mais 39 suspeitos, viraram réus em processo no STF (Supremo Tribunal Federal), que acatou a denúncia feita pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Desde então, o processo tramita no tribunal.