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Lacerda toma posse amanhã em Belo Horizonte com a promessa de dar "ritmo empresarial" à máquina pública

Rayder Bragon<br/> Especial para o UOL Notícias<br/> Em Belo Horizonte (MG)

31/12/2008 12h48

Candidato de uma controversa aliança política, Marcio Lacerda (PSB) será empossado no cargo de prefeito de Belo Horizonte nesta quinta-feira (1º) com a promessa de dar ritmo empresarial à máquina pública durante sua gestão sem preocupação exagerada com a crise mundial e seus reflexos no Brasil.

  • Arquivo Folha Imagem

    Marcio Lacerda (PSB) será empossado no cargo de prefeito de Belo Horizonte nesta quinta-feira com a promessa de 'enxugar' a máquina pública

O novo prefeito anunciou a exoneração de 250 ocupantes de cargos comissionados na prefeitura (sancionadas pelo atual prefeito, Fernando Pimentel - PT) e apresentou plano estratégico, a ser concluído até fevereiro de 2009, para os primeiros 6 meses de governo. Nesse tempo, ele pretende fazer um "raio-x" da estrutura administrativa.

Após esse processo, o prefeito eleito pretende pôr em curso estudo para os anos seguintes, monitorados pelo programa intitulado "BH Metas e Resultados", que será estrutura ligada ao gabinete do prefeito para acompanhar as execuções do programa de governo.

Em entrevista exclusiva ao UOL, o socialista listou os principais desafios que deverá enfrentar a partir de sexta-feira (02). "Se você somar trânsito e transporte coletivo, esse é o pior problema - e que tende a se agravar. Somente mediante obras estruturais o problema poderá ser resolvido. As áreas da saúde e educação também merecem atenção", disse.

Apesar do prenúncio de que 2009 será um ano de recessão, em razão da crise financeira internacional, Lacerda diz que o 1º trimestre do próximo ano será decisivo para avaliar os reflexos dela no país. "Apesar dos temores de queda de arrecadação nos próximos anos, antes do final de março não dá para fazer previsões seguras sobre o futuro da economia brasileira em 2009 e 2010."

Mesmo afirmando que pretende cumprir todas as promessas de campanha, Lacerda condicionou ao menos as obras à manutenção do crescimento da arrecadação e dos repasses de verbas federais. Lacerda diz que caso o crescimento do PIB caia ou desacelere em 2009, a previsão de arrecadação do município e também a dos repasses federais vai diminuir. "De acordo com a lei orgânica do município, os primeiros cortes têm que atingir obras, principalmente obras novas" afirmou.

O socialista diz não acreditar, no entanto, na possibilidade de o país enfrentar forte recessão. "Eu acho que o Brasil não vai ser atingido de forma grave nesse processo, até porque os países da Europa, da Ásia, os Estados Unidos estão tomando medidas para retomar o movimento da economia e reaquecer o crédito e o consumo. O sistema bancário brasileiro não foi atingido. O sistema bancário federal representa 40% desse total e está sólido, está saudável", avaliou.

O prefeito eleito acha que existe muita especulação sobre os efeitos da crise financeira internacional no país. "Nesse momento, qualquer coisa que se diga é um pouco de exercício de futurologia. Temos de aguardar até final de março para sabermos de fato o que poderá ocorrer no próximo ano", ponderou.

A posse de Marcio Lacerda será na Câmara Municipal de Belo Horizonte, às 14h desta quinta-feira (1º/1). Em seguida, haverá a transmissão de cargo na prefeitura.

Arranjo Político
Ao anunciar o novo secretariado na última segunda-feira (29), Marcio Lacerda evidenciou que PT e PSDB - partidos do atual prefeito, Fernando Pimentel, e do governador de Minas, Aécio Neves, respectivamente - terão participação ativa na administração. Os dois políticos foram os principais cabos eleitorais de Lacerda. Nomes ligados a Pimentel também foram mantidos por Lacerda na maioria das secretarias.

Já o PSDB, que assumirá uma das mais importantes e visíveis secretarias (Saúde), volta à administração da capital após 16 anos de governo petista. O partido, juntamente com o PPS, apoiou informalmente a campanha de Lacerda, apesar de o governador Aécio ser figura constante na propaganda eleitoral do socialista.

Ao postergar o anúncio do 2º escalão, Lacerda dá mostras de tentar acomodar os outros partidos que o apoiaram na campanha. Além do PT, foram 11 siglas que o apoiaram formalmente (PSB, PTB, PP, PR, PV, PMN, PSC, PSL, PTN, PTC e PRP).