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Prefeito baiano sai de férias quatro dias após assumir o cargo

Heliana Frazão<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Salvador (BA)

22/01/2009 10h40

Enquanto a maioria dos prefeitos eleitos organiza a equipe de trabalho e as primeiras ações do mandato em suas cidades neste início de ano, um dos 417 prefeitos baianos decidiu tirar férias.

Candidato teve 59% dos votos

Único adversário era do PC do B

Nelson dos Anjos Portela (PT), 44, prefeito reeleito da cidade de Maracás, a 360 km de Salvador, viajou para descansar com a família apenas quatro dias após assumir o cargo.

Comerciante de profissão, ele foi empossado na mesma data que os demais e, no dia 5, entrou de férias por trinta dias, com tudo registrado no Diário Oficial e "sem prejuízo na remuneração", como faz questão de frisar.

Conforme explica, Portela foi reeleito e tirou férias referentes ao último ano do primeiro mandato. "Eu saí de férias porque foi uma continuidade de gestão e não há mudanças no comando municipal. A Lei Orgânica Municipal diz que o prefeito gozará de férias, ficando a seu critério a época para usufruir o descanso, desde que o período do descanso ocorra após doze meses de gestão. Como é o caso. Acho que tenho esse direito agora, mesmo estando no início de uma nova gestão", sustenta Portela.

Ao ser indagado se não o preocuparia o sentimento da população em relação a um prefeito que entra em férias logo após se eleger, ele respondeu que a prefeitura não ficou sem comando e que a "figura do vice-prefeito existe para substituir o prefeito, quando necessário". "Eu sou um trabalhador como todos os outros", afirmou.

Com a ausência do prefeito, quem está no comando municipal é o vice, Paulo Sérgio dos Anjos, de 46 anos, primo de Nelson Portela. É ele quem assume o cargo todos os anos, no período das férias do chefe do Executivo. Eles formam a mesma chapa desde o primeiro mandato.

Paulo Sérgio confirma que a iniciativa do prefeito encontra respaldo na Lei Orgânica Municipal, que permite as férias após 12 meses de trabalho.

"O prefeito cumpriu os 12 meses de atividades integrais ano passado. É justo que tenha direito ao mês de descanso. Ele só não tirou as férias em 2008 porque foi um ano eleitoral. Como foi reeleito, precisava aguardar a posse. Agora, após os trâmites oficiais, entrou em férias", argumenta o prefeito em exercício.

Diferentemente do que informa o vice-prefeito, consta na prefeitura que Portela entrou em férias em fevereiro do ano passado, período em que ainda estava filiado ao DEM, e viajou para conhecer outros Estados do Nordeste.

Juristas baianos não entendem a reeleição como continuidade do exercício anterior, mas como um novo mandato, onde tudo se inicia do zero. Muitas administrações inclusive aproveitam para mudar o secretariado e reorganizar a casa.

Paulo Sérgio garante que a administração de Maracás está em ordem, que nada mudou, e que a cidade não enfrenta problemas financeiros, como a maioria das prefeituras baianas. O município tem 35 mil habitantes, dos quais 1.110 são funcionários públicos. O município arrecada mensalmente cerca de R$ 2 milhões e tem na floricultura a sua maior fonte de arrecadação. As flores produzidas em Maracás são comercializadas na capital, Salvador, mas também em outras grandes cidades baianas, como Feira de Santana e seguem até mesmo para outros Estados.

Com o caixa em dia, conforme o prefeito em exercício, a prefeitura está antecipando o salário de janeiro para aqueles funcionários que estejam com débitos pendentes do ano passado e com dificuldades para arcar com as despesas extras próprias do início de ano.

Segundo Paulo Sérgio, habitualmente o município antecipa em junho a primeira parcela do 13º salário e em 12 de dezembro paga a segunda parte do benefício.

"Então, não há problemas em o prefeito sair de férias", conclui o vice-prefeito.