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PSDB "não pode ficar preso a grilhões de um passado remoto", diz Anastasia

Rayder Bragon <br>Especial para o UOL Notícias <br>Em Belo Horizonte

28/02/2011 07h00

Apesar de minimizar a influência da ala paulista nas decisões da sigla, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), disse em entrevista exclusiva ao UOL Notícias defender a revitalização do partido, com argumento de que ele “não pode ficar preso a grilhões de um passado remoto”. O tucano compara a legenda a um “organismo vivo”, que precisa “melhorar as ideias antigas”.

Anastasia avalia ainda que o partido necessita de “coesão” e se “fortalecer”, em regiões onde tem mais “fragilidade”, para tentar voltar ao comando do país.

Antonio Augusto Junho Anastasia tem 49 anos, nasceu em Belo Horizonte (MG) e é funcionário de carreira do Estado, além de professor universitário. Na entrevista, concedida na cidade administrativa, sede do governo estadual, o tucano afirma não temer comparações com seu antecessor, o hoje senador Aécio Neves (PSDB).

Reeleição

Retirado do anonimato político pelas mãos de Aécio, o governador de Minas Gerais, Anastasia, que foi vice do tucano em seu segundo mandato (2007-2010), e assumiu o governo do Estado em abril do ano passado, quando Neves se desincompatibilizou para concorrer ao Senado. Com começo pífio na campanha eleitoral de 2010, na qual disputou a reeleição, o afilhado político de Aécio Neves figurava bem atrás do principal adversário, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB). Com apoio do ainda presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a campanha do peemedebista parecia consolidada. No entanto, após o início da campanha no rádio e na TV, e com a presença de Aécio Neves, Anastasia deslanchou e venceu a eleição ainda no 1º turno, com 62,72% dos votos (6.275.520), contra 34,18% de Costa (3 .419.622).

Veja abaixo a íntegra da entrevista concedida pelo governador de Minas ao UOL Notícias:

UOL Notícias: O senhor sucedeu o ex-governador Aécio Neves, que deixou o cargo com alto índice de popularidade, o senhor teme, nesses 4 anos, algum tipo de comparação entre a gestão do senhor com a dele?

Anastasia: Não vou dizer que temo, mas é sempre muito difícil suceder a uma pessoa do nível do [ex] governador Aécio Neves, pelas suas características políticas, pessoais e pelo grande carisma que tem e pela liderança política que tem, não só em Minas Gerais como no Brasil. Naturalmente, eu jamais gostaria de me equiparar ao senador Aécio Neves, porque as realidades são distintas, as trajetórias são distintas, o perfil é distinto. Não há dúvida que eu vou me esforçar muito para manter o governo no mesmo padrão. Mas não me preocupa, a essa altura, e não me preocupará, mais adiante também, as comparações, porque é muito difícil esse tipo de medida. O que eu quero ter, ao final dos quatro anos, é a consciência tranquila de que trabalhei com muita serenidade, com muita responsabilidade, com muita ética e conseguir dar sequência ao trabalho revolucionário que ele aqui começou, para oferecer serviços públicos de qualidade aos mineiros.

O senador Aécio Neves (PSDB) é considerado o padrinho político do senhor e quem o lançou na vida política. Como será a participação dele na sua gestão?

Nosso relacionamento político é muito próximo, fazemos parte de um mesmo grupo político que tem o senador Aécio Neves como a grande liderança nacional. Mas o dia-a--dia do governo (estadual) está sob a minha exclusiva responsabilidade. Então nós vamos manter sempre essa proximidade política, naturalmente trocamos ideias sobre temas de interesse do Estado. Ele, como senador, tem todo o interesse nas boas questões administrativas, mas a rotina do governo, o dia a dia cabe a mim e ao vice-governador Alberto Pinto Coelho e aos secretários. Mas sempre tendo o senador Aécio Neves como grande conselheiro, pela experiência que ele tem e pela sua inserção na política nacional.

O senador Aécio neves é apontado como virtual candidato do PSDB à sucessão da presidente Dilma Rousseff. Nesse cenário, qual vai ser a participação do senhor para alavancar o nome dele?

Eu acho que não só eu, mas os 20 milhões de mineiros, nós desejamos que o senador Aécio seja candidato e seja eleito presidente da República. É um sentimento que eu pessoalmente notei durante a campanha de 2010, como tinha notado em 2006, quando fui candidato a vice ao seu lado. Há um sentimento no Estado muito forte nesse sentido, até pelas questões históricas de Minas, pela sua trajetória, pela sua capacidade, pelo grande governo que ele realizou. Então ele tem todas as condições de ser um grande candidato, que será eleito, e será um grande presidente da República. Naturalmente como governador do Estado e sob o ponto de vista político, todo o apoio político que eu puder dar a essa sustentação, caso ele queira, caso venha a ser, evidentemente isso ocorrerá. Mas isso será mais adiante, porque o próprio senador Aécio tem manifestado publicamente, e nosso partido também, que isso ainda é muito cedo.

Mas o senhor desponta como uma figura exponencial do partido porque o senhor governa um dos Estados mais importantes do país. Nesse momento há um contraponto (às pretensões do senador Aécio Neves) que a ala paulista do PSDB não vai querer ceder facilmente essa vaga para o senador. Como o senhor pretende trabalhar dentro do partido para viabilizar o nome de Aécio Neves.

Volto a dizer. Em primeiro lugar, o partido é nacional. Não adianta ficarmos [nomeando] ala paulista, ala mineira, ala cearense, ala gaúcha, ala carioca, ala fluminense, o partido não vai adiante.

Mas houve uma predominância paulista nos últimos anos...

O que houve que todos os candidatos [à Presidência da República] foram de São Paulo, mas não há uma prevalência de ala nos partidos, porque se for assim, nós voltamos à República Velha, com partidos regionais. Isso não existe, os partidos são nacionais. Eu acho que o PSDB tem se esforçado para ter uma grande coesão. E acredito que o momento é esse. Foi o tema do nosso debate com governadores do PSDB, em Maceió (AL), no final do ano passado. Agora teremos uma reunião aqui em Belo Horizonte, em março, para trata de assuntos administrativos e políticos. Quando chegar o momento adequado, não é agora, ainda é muito cedo, o partido marchará unido. Acredito que o senador Aécio Neves é um homem sempre preparado, desde que ele manifeste essa vontade. Tratar disso a essa altura é desperdiçar energia e criar embates desnecessários. O objetivo, na minha opinião, deverá ser fortalecer o partido, principalmente naquelas regiões em que o partido tem mais fragilidade, com algumas regiões do Nordeste, aproximar sempre o partido da sociedade, reciclar os quadros, identificar as melhores bandeiras e discutir questões programáticas. No momento oportuno, vamos caminhar coesos e não haverá ala de cá, ou dela. Queremos que o PSDB tenha, mais uma vez, como fez com FHC, de governar o Brasil e apresentar bons projetos.

Logo após a derrota do candidato José Serra (PSDB), na eleição presidencial passada, o senador Aécio Neves defendeu uma refundação do partido. Qual a sua opinião sobre isso?

Eu acho que o partido, como todo partido político, ele é também uma criatura viva, ele tem que se reciclar permanentemente. Nenhum partido pode ficar preso a grilhões de um passado remoto. Partido político é uma instituição. Sendo uma instituição, ela se recicla permanentemente. Ela [instituição] tem de  abrir novos ares, fazer novos debates, ter novas ideias, ela tem de melhorar as ideias antigas, tem de receber críticas, tem que apresentar críticas e fazer sugestões. Então é um organismo vivo. Até porque é composto de milhares de pessoas..

O que senhor está defendendo não passa por sair da predominância da ala do PSDB de São Paulo?

Essa afirmativa da predominância paulista é sua, não é minha. Porque isso não reflete a realidade. O presidente do partido é de Pernambuco, o secretário (geral) do partido é de Minas Gerais. O líder do partido no Congresso Nacional é de São Paulo, o líder da minoria é de Minas Gerais. Então na verdade, o partido tem expoentes de todos os Estados da Federação.

Na recente votação do novo salário mínimo, o senador Aécio Neves se uniu às centrais sindicais, contrariando a posição do PSDB sobre o assunto. Essa postura do senador não indica um possível afastamento dele do PSDB?

Em todas as manifestações do senador, eu não vi isso. Na verdade, o que eu percebi, foi que ele defendeu [o valor de] R$ 600 e, se não fosse possível, havia também a possibilidade de R$ 560, conforme [queriam] as centrais. Em todos os períodos que ele foi indagado, ele tem demonstrado uma lealdade muito grande ao seu partido. Já o ouvi dando entrevista nas quais ele diz o seguinte: dizem que eu vou sair do partido, mas ele não saiu. Ao contrário, ele sempre permaneceu firme no partido, acompanhando as decisões do partido. Eu tenho a impressão que vamos continuar todos juntos no PSDB, reciclando-o permanentemente para que o PSDB se fortaleça. Como nós mineiros desejamos, se for possível, a sua candidatura [Aécio Neves] pelo PSDB, e eu gostaria que fosse. Ele vai ser eleito presidente e vai governar pelos princípios do nosso partido. Mas nós ainda estamos nos termos de conjecturas.

Entre os governadores de oposição, o senhor é quem tem demonstrado mais proximidade com a presidente Dilma Rousseff. Já foi recebido por ela no Planalto e foi convidado para participar da reunião dos governadores do Nordeste. Que pauta de reivindicações da oposição o senhor tem levado a esses encontros?

Não vou dizer que sou o governador mais próximo. Primeiro eu sou o governador do Estado natal dela. Outros governadores já foram recebidos por ela. Uma coisa é a questão partidária e parlamentar. Os governadores todos do PSDB tomamos a decisão de termos um relacionamento [com o governo federal] republicano e vibrante. É claro que a questão partidária vai se refletir no Parlamento, nas criticas. A nossa pretensão sempre é apresentar ao governo federal as nossas reivindicações legítimas do Estado, de maneira independente, de maneira autônoma. Mas com respeito mútuo, com o respeito que temos por ela e pelo respeito que ela demonstra ter por nós e pela sua terra. Eu tive a honra de convidá-la para ser a oradora oficial do (comemorações do dia de Tiradentes – mártir da Inconfidência mineira) 21 de abril, em Ouro Preto (MG). Ela aceitou. Eu acho que era esse o meu dever. Acho que o relacionamento é maduro, como tem de ser nas nações civilizadas, como somo no Brasil.

Durante a campanha para governador, em 2010, quando o senhor disputava a reeleição, o senhor era adepto, no entanto o senhor abandonou o seu twitter, após as eleições, por quê?

Eu não consigo nem respirar. Eu não consigo responder às ligações telefônicas. Você viu que tocou o telefone boa parte do tempo. Eu não tenho tempo hoje, lamentavelmente, de responder aos telefonemas. Se não consigo responder a eles, que hora que eu vou ter tempo [de tuitar]? Eu chego aqui (à cidade administrativa- sede do governo estadual) às 8h da manhã e saio às 8h da noite, todos os dias úteis da semana. E ainda tem os compromissos à noite. Eu gostaria de responder a todos os e-mails que recebo, até porque sou muito solícito, graças a Deus me considero educado, mas lamentavelmente o tempo urge.

Ações de Governo

Uma das principais críticas da oposição é em relação às leis delegadas e à criação de novas secretarias, além de 1.314 cargos comissionados. Isso não vai contra o “choque de gestão” e da máquina enxuta, defendida pelo PSDB?

Todos os governos mineiros, desde a constituição de 1989, utilizaram, de uma forma ou de outra, da delegação de poderes, que é perfeitamente constitucional. A criação de novas secretarias e dos cargos necessários decorre do aumento de atuação do Estado. Vou dar um exemplo: quando o governo [tucano] começou em 2003 [sob administração de Aécio Neves], nós tínhamos sob gestão da Secretária de Defesa Social 20 unidades penitenciárias, hoje temos 100. Então, naturalmente, eu preciso de uma estrutura correspondente a esse aumento. E a maioria esmagadora desses cargos criados são todos destinados a servidores de carreira do Estado. Então nós só estamos reconhecendo que houve uma expansão das atividades do Estado, fruto do sucesso do equilíbrio financeiro que fizemos e do “Estado para resultados”. E é claro que eu vou ter uma situação transitória [proporcionada] pela Copa do Mundo [de 2014] que eu preciso uma estrutura para isso. Criamos uma secretaria metropolitana extraordinária porque hoje a realidade metropolitana tornou-se muito importante. E temos também a consolidação da Secretaria do Norte [do Estado], porque eu vou ter uma atenção especial, na medida em que as desigualdades são muito grandes nessa região.

A reportagem do UOL Notícias esteve no penúltimo fim de semana no Hospital Municipal de Sete Lagoas e encontrou (pacientes em) macas nos corredores. Como está a saúde no Estado e que o senhor pretende fazer em relação à saúde?

Não há nenhuma enquete de opinião pública que não coloque a saúde como maior demanda da população. E esse dado objetivo existe por duas razões: primeiro a saúde se refere ao nosso bem mais valioso, que é a nossa vida, e segundo porque a saúde pública como um todo, no Brasil, nos Estados e nos municípios, enfrenta muitas dificuldades. O que nós temos de fazer? A [questão] da saúde tem de ser enfrentada em diversas frentes. Um primeiro grande esforço é exatamente a questão da descentralização da saúde. Isso eu estou falando em termos da realidade mineira. Porque até há alguns anos, a estrutura do atendimento era concentrada em BH. Tínhamos a ambulanciaterapia, as pessoas vinham para aqui por qualquer coisa. Resultado havia um inchaço muito grande no atendimento em BH. O objetivo maior foi criar nos últimos anos uma rede regional de atendimento, chamado Pró-Hosp, com objetivo de dar a hospitais de cidades maiores e médias condições de dar um atendimento razoável dentro da sua especialidade. Isso aconteceu também com CTIs e UTIs no norte de MG, que não existiam. O segundo passo foi a tentativa de nós fortalecermos muito a estrutura de atenção primária, que são as unidades básicas de saúde. Foram feitas mais de 1.600 unidades nos últimos anos. Isso dá um primeiro atendimento para, muitas vezes, a pessoa não precisar sobrecarregar desnecessariamente essa rede de atendimento secundária, que são os hospitais. E é claro com atendimento de alta complexidade com investimentos feitos em cidades maiores, como foi o caso de Uberlândia (Triângulo Mineiro), onde nós inauguramos um novo hospital, e a reforma completa do pronto-socorro (João 23, em Belo Horizonte). A inauguração do pronto-socorro Risoleta Neves, em Venda Nova (BH), e outras unidades que foram construídas com esse objetivo. Mas a descentralização não está concluída. È um processo que não vai estar concluído completamente ao cabo do meu mandato nem nos próximos 12 anos. 

Quanto mais eu faço investimentos na saúde, muitas vezes, a demanda aumenta, porque a pessoa tem uma demanda reprimida e ela naturalmente se desloca ali em razão de um valor muito alto que é a vida. Então o processo de descentralização continua. No programa de governo, nós propusemos a construção de alguns hospitais regionais maiores, que também não é uma solução por si só.

No programa de governo, o srº cita MG como Estado logístico para o país, mas tem estradas federais que estão em péssimas condições, como a BR-381, e tem também a questão do anel Rodoviário, em BH. Mesmo não sendo da alçada do governo, o que o Estado pode fazer para minorar essa situação precária dessa rodovia?

Quando nós colocamos no programa de governo a possibilidade da “Minas Logística” é porque, de fato, o Estado de Minas tem, não só pela sua localização geográfica, mas também pelo seu perfil econômico, tem na potencialidade logística um ativo muito grande. Nós sabemos que, por exemplo, Dubai e Cingapura tiveram um avanço muito grande nos últimos anos simplesmente em razão de investimentos em logística. Claro que não pretendo transformar isso aqui [em uma Dubai ou Cingapura] porque seria muita pretensão, em poucos anos. Mas isso é um processo que deu, por exemplo, à cidade de Uberlândia uma posição hoje de 2ª cidade de Minas como pólo do Triângulo e de todo o Brasil central e ultrapassando cidades até do interior de São Paulo, pela sua localização logística e pelo trabalho de distribuição que ali se concentrou. Ou seja, nós sabemos que temos uma grande oportunidade. Para essa oportunidade se concretizar, nós precisamos de infraestrutura e de investimentos. A infraestrutura se desdobra nas várias áreas: aeroportos, ferrovias, hidrovias, estradas, energia e telecomunicações. Alguns são da alçada do Estado, como as estradas estaduais e os aeroportos regionais. Mas dependemos do governo federal na questão ferroviária e na questão das grandes estradas. Algumas delas, federais, já estão em obras de duplicação, como a (BR) 262, houve um recente anúncio, espero que se concretize, da (BR) 040, de BH até a saída de Barbacena. E a pior delas, que é prioridade absoluta do governo de Minas junto ao governo federal, que é a (BR) 381, de Belo Horizonte a Governador Valadares, por questões humanitárias. (A BR-381 é conhecida como rodovia da morte). E o Anel Rodoviário, aqui em Belo Horizonte, e também (a expansão) do metrô de Belo Horizonte.

A nossa posição é que esses foram compromissos públicos assumidos pela presidente [Dilma Rousseff], e ela tem se manifestado de maneira muito republicana e correta com Minas Gerais e tenho certeza que essas obras serão realizadas. Acredito que a médio e longo prazo, essa figura das estradas federais vai desaparecer. Elas têm de ser estadualizadas, não só em Minas como no Brasil, porque é uma figura esdrúxula, uma figura que, na verdade, nós sabemos que ela acaba concentrando o poder decisório no governo (federal), independentemente de ser a, b ou c, mas é importante descentralizar.

Hoje, a feição administrativa correta no mundo inteiro, e em um país do tamanho do Brasil, é o processo de descentralização das decisões. Então, no momento em que nós tivermos as estradas sob a orientação dos Estados, inclusive com os recursos que foram criados para a sua manutenção, como a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre combustíveis, alocados aos Estados, eu acho que nós teremos condição (de recuperar as estradas).

Mas a “Minas logística” também é em relação a aeroportos e nós temos aqui uma imensa oportunidade com o aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, que ele tem capacidade de expansão, até pela sua posição geográfica. Ele pode ser também um pólo aeronáutico, em termos de indústria aeronáutica. Agora, precisamos de investimento da Infraero. Com a decisão do governo federal de fazer esses investimentos de maneira mais efetiva, mudando e criando secretarias, eu acho isso louvável, acho que o objetivo é esse: agilizar. Nós precisamos dessas obras não só em Confins como em Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e em Brasília (DF). É uma oportunidade muito grande que nós temos. Criamos o aeroporto regional da zona da mata com esse objetivo logístico.

O senhor acredita que essas obras consideradas importantes, como a da BR-381 e as obras do anel rodoviário saiam ainda na sua gestão?

Eu acredito que sim, porque é na verdade, é um compromisso que a presidente [Dilma Rousseff] fez. São obras federais importantes. O Ministério dos Transportes informou que o projeto da (BR) 381 está praticamente concluído e eu tenho certeza que os recursos já foram alocados. Mas a mais importante, eu digo como governador de Estado, são a duplicação da BR-391, de Belo Horizonte até Governador Valadares, por questões humanitárias, e as obras do anel rodoviário de Belo Horizonte, que se transformou numa via urbana e precisa ser completamente readequado.

Em algumas cidades do interior e até mesmo na região metropolitana de BH, alunos enfrentam dificuldades em relação ao transporte escolar para ir às escolas. Como o senhor pretende resolver essa questão logística e em relação aos salários dos professores?

Em relação à logística de transporte dos alunos, nós temos um programa de transporte escolar, com recursos dos municípios e do Estado. Reconhecendo que os valores estavam aquém do necessário, nós autorizamos esse ano um aumento nos valores. Aumentamos em até 50% o valor per capita transportado. Minas é um Estado muito vasto. Você deu um exemplo aqui da região metropolitana, mas nós podemos citar, por exemplo, a cidade de Januária (Norte de MG e a 600 km de BH), que tem distritos a 100 km da sua sede e são estradas de terra. Então, essa estrutura, de fato, é complexa. Então nós reformamos escolas estaduais pelo Estado afora, fizemos muitos investimentos e sabemos que esse tema do transporte é muito importante. Não só em parceria com os municípios como também para identificar aquelas regiões [onde a situação é] mais grave e dar a assistência direta. Porque se não houver o acesso do aluno à escola, não teremos uma educação eficiente. Com relação ao salário do magistério, nós já praticamos o 1º mês da nova figura do subsídio, em janeiro. Foi aprovado pela Assembleia Legislativa de MG, no ano passado, o reajuste. Até pela ausência de reclamações pelo pagamento agora do dia 5 de fevereiro, eu tenho a impressão que os valores pagos, que são os maiores do Brasil nesse momento, eles (professores) passaram a valorizar mais o magistério. Sou o 1º a reconhecer, até porque sou filho de professora do Estado, e professor de universidade que sou, que os valores são baixos ainda.