Gecopa em Cuiabá anuncia que também vai investigar suposta fraude no Ministério das Cidades
O Grupo Especial de Acompanhamento da Copa 2014 (Gecopa) em Cuiabá vai requisitar futuras provas coletadas e depoimentos feitos à Procuradoria da República em Brasília a respeito das informações publicadas pelo jornal “Estado de S. Paulo”, em edição desta quinta-feira (24), que apontam fraudes dentro do Ministério das Cidades para escolha do modal de transporte na capital de Mato Grosso, que é o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
O anúncio foi feito pelo promotor Clovis de Almeida Júnior, um dos integrantes do Gecopa, na tarde desta quinta (24). A equipe é um braço do Ministério Público Estadual criado exclusivamente para acompanhar todas as obras relativas à Copa do Mundo em Cuiabá. O promotor interrompeu as férias tão logo soube da notícia.
Com isso, o promotor deve aguardar os depoimentos e provas para começar investigação à Secopa, que “herdou” da extinta Agecopa todas as responsabilidades sobre obras de mobilidade urbana, bem como o novo estádio com vista aos jogos da Copa de 2014 em Cuiabá. Tramitam no Gecopa 20 inquéritos civis sobre a antiga agência, extinta pelo governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB).
Segundo informações do jornal, o Ministério das Cidades teria fraudado um parecer técnico de um analista de Infraestrutura da pasta contrário à troca do sistema de linha rápida de ônibus (BRT, sigla em inglês para Bus Rapid Transit) para construção do Veículo Leve sobre Trilho (VLT).
O documento teria sido forjado pela diretora de Mobilidade Urbana da pasta e autorizado por Cássio Peixoto, que é o chefe de gabinete do ministro Mário Negromonte, que também teria dado aval para fraude. Com isso, o custo da implantação do sistema ficou em R$ 1,2 bilhão, cerca de R$ 700 milhões a mais que o BRT.
Na avaliação do promotor, as informações publicadas no jornal refletem a forma como foi conduzido o procedimento do estudo técnico para implantação do VLT. “Tudo isso foi fruto de atropelo (da Secopa e Agecopa)”, disse Clovis Almeida.
Segundo o promotor, mesmo antes de ter ocorrido a escolha pelo VLT, anunciada pela presidente Dilma Rousseff no início de outubro, o Gecopa já havia instaurado um inquérito civil para apurar motivos pelo qual a Agecopa havia escolhido o VLT como modal de transportes entre Cuiabá e Várzea Grande, em detrimento do BRT (Bus Rapid Transit).
“Vamos pedir todas as oitivas e provas (da Procuradoria da República em Brasília) e, se for o caso, vamos mandar uma pessoa (do Gecopa) para acompanhar o desenrolar do caso”, informou Clovis Almeida.
Sem economizar adjetivos, o promotor disse que o “Estado sobrepôs as questões políticas às técnicas”. Almeida se referiu ao fato de que não houve um estudo técnico apropriado do governo do Estado para justificar a mudança do BRT para o VLT.
O promotor enumerou os problemas graves na saúde, educação e transportes em Mato Grosso e a escolha pelo VLT revela que o Estado vai usar toda sua capacidade de endividamento num projeto que não é prioridade na matriz de responsabilidade da Fifa. “Mato Grosso está na UTI”, comparou o representante do Gecopa.
Clovis Almeida diz que o MPE não é contra a escolha do VLT, mas que isso seja feito de forma criteriosa até para evitar possíveis embargos na obra. “O Estado tem dinheiro, mas não está sabendo gerir. E o VLT é uma obra muito grande”, disse.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.