CPI do Cachoeira aprova convocação de Cavendish e Pagot para depor
Os integrantes da CPI do Cachoeira aprovaram nesta quinta-feira (5) a convocação do empresário Fernando Cavendish, ex-presidente e sócio da Delta Construções S.A, para prestar esclarecimentos sobre as atividades da construtora com o esquema de corrupção, chefiado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que envolvia políticos e empresários.
Também foi aprovada a convocação do ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antônio Pagot, e de mais cinco testemunhas: Adir Assad, Andréa Aprígio, Paulo Vieira de Souza, Paulo Moreira Lima e Raul Filho. As datas dos depoimentos ainda não foram definidas, com exceção do prefeito de Palmas, prevista para terça-feira (10), com horário a marcar pela comissão.
A maioria dos convocados tem relação com a empresa Delta: Pagot se colocou à disposição da comissão para contar o que sabe a respeito dos contratos do órgão com a construtora; Adir Assad é o dono da empresa Rock Star, que recebeu recursos da Delta; e Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto, é ex-diretor da Dersa (que tinha contratos com a Delta).
Paulo Preto ganhou notoriedade depois que a então candidata do PT em 2010 à Presidência, Dilma Rousseff, durante o debate da Rede Bandeirantes, citou um desvio de R$ 4 milhões do caixa de campanha de José Serra. O dinheiro teria sido arrecadado por Paulo Preto em empreiteiras e depois desaparecido.
Já os demais são pessoas ligadas a Cachoeira: a ex-mulher dele, Andréa Aprígio, e o atual prefeito de Palmas (TO), Raul Filho, que foi flagrado em vídeo com o bicheiro discutindo troca de favores.
Além disso, foi convidado a falar à CPI Paulo Moreira Lima, juiz que se afastou do caso Cachoeira depois que recebeu ameaças. Também foi aprovada a convocação dos ex-donos da Sigma, José Augusto Quintella e Romênio Marcelino Machado. Segundo reportagem da revista Veja, a Sigma era usada em operações da construtora como uma espécie de "caixa para quitar faturas em que a própria Delta preferia não aparecer como devedora".
A oposição pediu que fosse incluído na lista o ex-tesoureiro da campanha do PT de 2010, o deputado federal José de Filippi (SP). O requerimento tem como base reportagem da revista IstoÉ, que aponta que o petista teria pedido ao Pagot ajuda com doações para campanha a empresas com contratos com Dnit. O pedido foi rejeitado por 17 votos contra 10.
"Não convocar José de Filippi é adotar dois pesos e duas medidas e desmoralizar a CPI", afirmou o líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR).
Na reunião, foram aprovadas ainda as quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico de 13 empresas e 27 pessoas, incluindo aquelas que já tinham oferecido seus dados à CPI, como os governadores Marconi Perillo (Goiás) e Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e o jornalista Luiz Carlos Bordoni e sua filha Bruna Bordoni. No caso das pessoas físicas, também serão requisitadas a quebra de sigilo de SMS e a cópia de relatórios das estações de rádio base, que informam quem mandou a mensagem.
Anteriormente, as convocações de Pagot e Cavendish foram adiadas por insistência do relator da comissão, Odair Cunha (PT-MG), que optou por focar as investigações nas relações da Delta na região Centro-Oeste e teve apoio da maioria dos membros da comissão. No entanto, o assunto só voltou a pauta hoje depois da persistência dos deputados da oposição.
A decisão sobre proposta de uma comissão de parlamentares visitar Carlinhos Cachoeira na prisão foi adiada por falta de acordo e só deve ser votada a partir de agosto.
A ordem dos trabalhos de hoje foi definida pelo relator Odair Cunha (PT-MG), que sugeriu a votação em blocos: primeiro as convocações, depois as quebras de sigilo e, por fim, outras providências para auxiliar o andamento dos trabalhos da CPI. Entre elas está o pedido de esclarecimento para mais de 30 empresas que receberam recursos da Alberto & Pantoja e Brava Construções –indicadas pela Polícia Federal como empresas fantasma de Cachoeira– prestarem esclarecimento.
Os parlamentares também irão solicitar ao Banco Central o envio de servidores técnicos para auxiliar nas análises de cruzamento de dados fiscais e bancários recebidos pela comissão.
Outro pedido aprovado requer ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) uma apuração das possíveis relações entre o juiz Leão Aparecido Alves e Cachoeira. O juiz alegou razões de "foro íntimo" para não comandar o processo contra o contraventor.
A expectativa é que os trabalhos da CPI sigam até o dia 12 de julho. Desta forma, novos depoimentos podem ficar para depois do recesso parlamentar --de18 de julho a 1º de agosto. Segundo Paulo Teixeira, vice-presidente da CPI, os trabalhos vão continuar durante a campanha eleitoral no segundo semestre. (Com Agência Brasil)
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