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CPI decide reconvocar Cachoeira, quebrar sigilo de sua noiva e dispensar jornalista da Veja

Senador Vital do Rego, presidente da CPI do Cachoeira - Alan Marques/Folhapress
Senador Vital do Rego, presidente da CPI do Cachoeira Imagem: Alan Marques/Folhapress

Fábio Luís de Paula

Do UOL, em São Paulo

14/08/2012 11h33Atualizada em 14/08/2012 15h54

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira decidiu na manhã desta terça-feira (14), pela reconvocação do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, durante reunião administrativa para analisar cerca de 200 requerimentos apresentados até as 18h da última sexta-feira (10).

A data de seu depoimento ainda não foi definida.

Por unanimidade, também foi decidido por novas quebras de sigilo de Andressa Mendonça, noiva do empresário. Serão quebrados seus sigilos fiscal, bancário e telefônico, além dos de empresas e pessoas citadas nas investigações da Polícia Federal (PF) por envolvimento com Cachoeira -- entre eles, do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Na sessão foi negado o requerimento do senador Fernando Collor (PTB-AL) para convocar à CPI o jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja. Collor se disse "frustrado" com a decisão e chamou Policarpo de "bandido". "Ao lado dessa frustração repito que quero reforçar a minha denúncia. No meu entender, no coração dessa organização criminosa está a Editora Abril e a Procuradoria Geral da República. Tenho casos horripilantes para contar sobre o senhor Roberto Civita", disse.

Após discussões, os parlamentares transformaram em um convite a convocação do deputado Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO) para esclarecer suposto envolvimento com Cachoeira. Já a convocação de Sandes Júnior (PP-GO), para falar sobre doações feitas pela Midway Internacional Lab para sua campanha em 2010, foi retirada da pauta.

Por 16 votos a 4, os senadores deicidiram pela não criação de sub-relatorias, que fariam uma divisão de trabalho dos senadores em relação à investigação das práticas criminosas de Cachoeira. O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), já eram contrários à ideia das sub-relatorias. A oposição apontavam a medida como forma de otimizar o trabalho, devido ao volume elevado de informações que chegaram à comissão.

Em maio, Cachoeira compareceu à CPI, mas evocou o direito constitucional de permanecer em silêncio. Ele disse que só falaria na comissão após prestar depoimento à Justiça e que, depois, poderia eventualmente voltar à CPI para responder às questões. No entanto, em julho, permaneceu calado durante audiência na Justiça Federal de Goiânia.

Cachoeira dispensou o advogado Márcio Thomaz Bastos e ainda não tem novo defensor. O empresário vem sofrendo sucessivas derrotas em habeas corpus impetrados na Justiça.

O empresário foi preso em fevereiro, acusado de comandar um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e uma rede de jogos ilegais, deflagrado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF).

Convocações

A CPI aprovou na sessão as convocações de prefeitos de municípios goianos onde Cachoeira influenciava contratos públicos. No entanto, mais de 250 requerimentos não foram colocados em votação.

Entre eles estão o pedido de convocação de Celso Russomanno, candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, que teria sido citado em diálogo gravado pela PF, e uma nova convocação do governador de Perillo, sugerida pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), para explicar novamente a venda de uma casa para Cachoeira e as denúncias de que recebeu propina para liberar pagamentos do governo do Estado à Delta Construções.

Outros pedidos de convocação não discutidos eram para os governadores do Tocantins, Siqueira Campos, de Mato Grosso, Silval Barbosa, e de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli; o convite ao juiz Alderico Rocha Santos para esclarecer as denúncias de chantagem que teria recebido de Andressa Mendonça; e o requerimento de convocação do ex-governador de Goiás Iris Rezende, acusado de receber R$ 2 milhões do empresário para campanha em 2010.


Próximos depoentes

Vital do Rêgo (PMDB-PB) informou que serão ouvidos na próxima terça-feira (21) os procuradores do Ministério Público Federal em Goiás Daniel Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira. Eles trabalham nos inquéritos relativos às operações Vegas e Monte Carlo, da PF.

Na quarta-feira (22), a CPI deverá ouvir Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha de Marconi Perillo ao governo de Goiás em 2010, e atual presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop).

Os depoimentos de Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, foram marcados para os dias 28 e 29 de agosto.

Estão mantidos para esta quarta (15) os depoimentos da sócia da Alberto & Pantoja Construções Rosely Pantoja da Silva; do ex-presidente do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran) Edivaldo Cardoso de Paula; do ex-segurança do ex-senador Demóstenes Torres, Hillner Braga Ananias.

Rêgo também informou que a Polícia do Senado não conseguiu localizar o ex-corregedor da Polícia Civil de Goiás Aredes Correia Pires, para intimá-lo. Convocado a depor nesta quarta  (15), a expectativa é de que ele possa ser ouvido também na próxima semana. Segundo a PF, ele teria recebido um dos aparelhos de rádio Nextel distribuídos pelo contraventor goiano na tentativa de evitar grampos. (Com Agência Brasil e Agência Senado)