Como votaram os integrantes da CPI do Cachoeira no relatório final, que terminou rejeitado
O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) terminou rejeitado, nesta terça-feira (18), por 18 votos contra e 16 a favor, durante votação na última sessão da CPI do Cachoeira no Congresso Nacional.
A lista mostra que a base aliada do governo não conseguiu manter os parlamentares do PMDB a favor do relatório (dois peemedebistas votaram contra: Sérgio Souza e Luiz Pitiman), enquanto todos os integrantes do PSDB, da oposição, votaram unidos, contra o relatório. Entre os integrantes do PSD, que não se define como oposição, todos também foram contrários ao relatório do deputado petista.
Veja abaixo como votaram os integrantes da comissão:
SENADORES
A favor:
Jorge Viana (PT-AC)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Pedro Taques (PDT-MT)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
Aníbal Diniz (PT-AC)
João Costa (PPL-TO)
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
Contra:
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Sérgio Souza (PMDB-PR)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jayme Campos (DEM-MT)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP)
Marco Antonio Costa (PSD-TO)
DEPUTADOS
A favor:
Cândido Vacarezza (PT-SP)
Odair Cunha (PT-MG)
Paulo Teixeira (PT-MG)
Íris de Araújo (PMDB-GO)
Ônyx Lorenzoni (DEM-RS)
Glauber Braga (PSB-RJ)
Miro Teixeira (PDT-RJ)
Rubens Bueno (PPS-PR)
Jô Moraes (PCdoB-MG)
Contra:
Luiz Pitiman (PMDB-DF)
Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Domingos Sávio (PSDB-MG)
Gladson Cameli (PP-AC)
Maurício Quintela Lessa (PR-AL)
Sílvio Costa (PTB-PE)
Filipe Pereira (PSC-RJ)
Armando Vergílio (PSD-GO)
César Halum (PSD-TO)
Como era o relatório de Cunha
O relatório de Odair Cunha, relator oficial da comissão durante os vários meses de funcionamento, concluía pela acusação de 41 pessoas: para 29, foi recomendado o indiciamento, e para 12, por terem foro privilegiado, foi solicitada a responsabilização. Todas, na visão do relator, têm ou tiveram relação com o esquema ilegal do bicheiro Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar uma quadrilha ligada à exploração de jogos ilegais, envolvendo autoridades e agentes públicos.
Entre as pessoas que Cunha responsabilizou estão o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o deputado Carlos Leréia (PSDB-GO), o ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), e o ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish.
Antes da votação do relatório final, Cunha apresentou as alterações que fez após receber as sugestões dos demais integrantes da comissão, mas mesmo assim foi vencido pelos integrantes da comissão.
Cunha retirou do seu parecer final o pedido de análise da conduta do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, e de todos os jornalistas citados. Além deles, o vereador Elias Vaz (PSOL-GO) foi excluído da lista dos responsabilizados por "não nos parecer que houve associação para o crime por parte do vereador". Também foram subtraídos os pedido de indiciamento do superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Marco Aurélio Bezerra da Rocha e do empresário Rossine Guimarães.
Repercussão
Cunha disse que a CPI terminou em uma "pizza geral, lamentável". "Não me compete aqui ficar tendo sentimentos, o que eu posso dizer que é lamentável, que apesar de todo o esforço feito pelos membros da CPI, por todos nós aqui, diante de provas incontestes, a CPMI não existe um juízo de valor sobre nada. Ela se nega a fazer aquilo que é a sua missão essencial. Levantar provas, identificar indícios e apresentar conclusões. As conclusões aqui são nada, um vazio, Uma pizza geral, lamentável", afirmou ao final da sessão.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que o "Parlamento abdicou da sua responsabilidade de investigar", mas negou que o PSDB tenha articulado para aprovar o relatório de Pitiman para livrar o tucano Perillo e limitou a dizer que a investigação, quando esbarrou no governo federal, foi interrompida.
"O PSDB trabalhou o tempo todo para investigar a Delta e o escândalo de corrupção maior deste esquema do Cachoeira."
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou o acordo feito entre parlamentares para aprovar o relatório de Pitiman.
"O que vocês assistiram hoje aqui é pior do que pizza, é champanhe francês em Paris com guardanapo na cabeça. Os governadores [do Rio] Sérgio Cabral [PMDB], Marconi Perilo e a empresa Delta se uniram para derrotar o relatório e impedir que a investigação seguisse em frente. (...) Aqueles que protagonizaram a conspiração da madrugada, da calada da noite, de mudanças de parlamentares para votar na última hora serão julgados pela história."
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) fez coro: "De mais de 5.000 páginas [do relatório de Cunha], nós tivemos uma página e meia do relatório do deputado Pitiman, o que é lamentável sob todos os aspectos. Como estamos em véspera de Natal, é uma presepada o que foi apresentado na CPI".
Para o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), a aprovação do relatório de Pitiman "foi um circo, triste e lamentável, que seguramente foi financiado com muito dinheiro público".
*Com informações da Agência Senado
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