Pimenta deixa Secom de Lula após críticas do presidente; marqueteiro assume

O ministro Paulo Pimenta deixa a Secom (Secretaria de Comunicação Social) do governo Lula (PT) e será substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira.

O que aconteceu

A decisão foi tomada após reunião nesta terça (7) com o presidente no Planalto. O substituto será o marqueteiro Sidônio Palmeira, responsável pela campanha de 2022. Pimenta sai de férias nesta quinta, deixando o cargo vago para Sidônio tomar posse na semana que vem. A transição já começou.

O presidente quer à frente da Secom uma pessoa com o perfil diferente do que eu tenho. Vamos fazer a caminhada conjunta até a semana que vem. Nós temos o mesmo projeto. Portanto vamos ter uma parceria que não se encerra.
Paulo Pimenta, ao confirmar sua saída da Secom

Sidônio Palmeira, novo ministro da Secretaria de Comunicação
Sidônio Palmeira, novo ministro da Secretaria de Comunicação Imagem: Marcus Claussen

Sidônio ressaltou o ineditismo da função. "Essa é a minha primeira vez em governo. É uma experiência nova, interessante", afirmou, ao lado de Pimenta. E deu pistas sobre como vai tocar o ministério: "Tem uma expectativa grande com o governo, tem a gestão e a percepção popular: alinhar esses três é o objetivo nosso. É importante que a gestão não seja analógica. É um papel e uma obrigação do governo mostrar o que foi feito".

É um segundo tempo que estamos começando. É como se fosse uma corrida de baliza. Já estou pegando [a pasta], tem um avanço, uma evolução que vamos levar para frente.
Sidônio Palmeira, novo ministro da Secom

A saída já era esperada desde dezembro passado, quando Lula fez um discurso ao PT reclamando da comunicação. Uma cirurgia de última hora para estancar um sangramento após a queda no banheiro, quando o presidente bateu a nuca, adiou a mudança. Como o UOL já mostrou, a saída deve preceder uma reforma ministerial.

Reclamações sobre comunicação

O descontentamento de Lula com a comunicação já é antigo. O presidente vinha reclamando publicamente sobre a área desde o início de 2024, quando esperava já ver "colhendo frutos" do que havia plantado no primeiro ano do mandato.

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A principal queixa do presidente é que os feitos do governo não chegam à população. Para Lula, este é seu melhor dos três mandatos, enquanto uma pesquisa recente mostra que 41% da população discordam de sua opinião.

Ele culpa a comunicação e sobrou para Pimenta. No Planalto, há a avaliação de que o custo-benefício sob a gestão do gaúcho não estava funcionando e a pasta precisava dar uma roupagem mais técnica —e, não por acaso, propagandística.

Problemas com autonomia

Aliados avaliam que há um problema estrutural. Pimenta tem sua parcela de responsabilidade sobre o desempenho considerado aquém da imagem do governo, mas o ministério lhe foi entregue quase pronto.

Diferentemente de outros colegas da Esplanada, o ministro só nomeou parte de sua pasta. Os secretários Ricardo Stuckert, José Chrispiniano e Laércio Portela, por exemplo, são indicações diretas de Lula —os dois primeiros, duas das pessoas que o presidente mais confia na vida—, enquanto Brunna Rosa, de mídias digitais, é nome da primeira-dama Janja da Silva.

As mídias sociais foram, inclusive, alvo de grande parte das queixas de Lula. Embora entenda pouco do assunto —afinal, nem celular o presidente tem-, ele reclamava que o dinheiro gasto em impulsionamento e pesquisas estava longe de dar o resultado esperado.

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Também há as crises criadas fora da Secom. Embora o próprio Pimenta defenda a primeira-dama, muitas vezes a Secom foi pega por crises inesperadas, criadas após alguma ação de Janja, que acabavam resvalando na imagem do governo.

Lula escancarou insatisfação em seminário do PT

O presidente escancarou a insatisfação em fala no seminário do PT. Por vídeo, o presidente criticou duramente a comunicação do governo, mais uma vez apontando que seus feitos não chegam "ao povo".

A fala foi duríssima e amplamente aplaudida pelos militantes presentes. Não à toa, a bronca tomou conta da festa do partido, na sequência. Lideranças diziam que ele havia explicitado um incômodo que já apontava há tempos e todos concordavam que o alvo era Pimenta.

Só os tons que variavam. Enquanto os mais comedidos diziam que era uma advertência, os mais afoitos falavam que Lula tinha "acabado de demitir um ministro ao vivo".

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