Topo

Novos TRFs reduzirão carga de trabalho, mas não diminuirão custos dos atuais, diz Ipea

Do UOL, em Brasília

10/06/2013 14h30

Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República), divulgado nesta segunda-feira (10), mostra que a criação de novos quatro TRFs (tribunais regionais federais) vai resultar em “drástica redução de carga de trabalho” dos atuais tribunais, mas não acarretará na diminuição dos custos dos TRFs existentes.

A PEC (proposta de emenda constitucional) da criação dos quatro TRFs foi promulgada na última quinta-feira (6) em sessão solene do Congresso Nacional. O texto da proposta estabelece que os tribunais deverão ser instalados no prazo de seis meses, a contar da data da promulgação. No entanto, o STJ promete enviar até agosto uma nova proposta aos congressistas com o detalhamento sobre os gastos com pessoal e instalações dos novos tribunais que precisam ser aprovadas pelo Legislativo para entrar em vigor. 

O documento, assinado por Alexandre Samy de Castro, Bernardo Abreu de Medeiros e Alexandre dos Santos Cunha, aponta que a emenda promulgada na semana passada prevê uma reorganização da segunda instância da Justiça, o que implica no desmembramento de dois tribunais (TRF 1ª região e TRF 4ª região), com produtividades bastante díspares. “A emenda reduziria em mais de 50% a carga de trabalho de ambos”, afirmam os pesquisadores.

Eles destacam, no entanto, que a redistribuição resulta em dois tipos de distorções: a possível reprodução da ineficiência judicial e a segunda é o encolhimento de mais de 50% da carga de trabalho do TRF4, “um dos mais eficientes de todos”, e que a redução “instantânea da carga de trabalho” resultaria em ociosidade.

Como fica a divisão do mapa do Brasil com os novos tribunais

  • Arte/UOL

Com relação à eficiência, o TRF-1 diminuiria em 15 pontos percentuais a taxa de casos pendentes. Já o TRF-4, devido à alta produtividade, “a implicação é que, em apenas um ano, com a redução da demanda, o TRF-4 resolveria não somente a totalidade dos casos novos como também todo o estoque de casos pendentes, de modo que não haveria serviço para os desembargadores”, afirmam os especialistas.

Custo de R$ 922 milhões

Os resultados do estudo do Ipea indicam que haverá um custo total dos novos tribunais no valor de de R$ 878 milhões, com base em valores de 2011 – ou R$ 922 milhões com a correção monetária.

Entenda as instâncias da Justiça brasileira

1ª instânciaPrimeiro órgão da Justiça onde o cidadão procura ajuda para solução de conflitos. São as varas da justiça estadual ou federal, do trabalho ou eleitoral, dependendo do assunto do futuro processo
2ª instânciaÉ onde são julgados recursos contra decisões de 1ª instância nos tribunais regionais estaduais ou federais, eleitorais e do trabalho
3ª instânciaSão os tribunais superiores que julgam recursos contra decisões dos tribunais de 2ª instância. São eles: STF (Supremo Tribunal Federal), STJ (Superior Tribunal de Justiça), TST (Tribunal Superior do Trabalho), TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
  • Fonte: Glossário do STF

“Este número deve ser interpretado tendo-se em vista o número de desembargadores de cada novo tribunal, e sua produtividade à época (2011). Portanto, dependendo da estrutura que se pretende garantir para os novos tribunais (...) o custo estimado teria representado, em 2011, uma elevação de quase 60% nas despesas orçamentárias globais da segunda instância da Justiça Federal”, diz o documento.

“Os custos totais e unitários dos tribunais pré-existentes não se alteram, por construção: a estrutura dos tribunais permanece a mesma, em termos de recursos humanos, outros inputs e, sobretudo, em termos do número de desembargadores”, continuam os pesquisadores.

Com a promulgação dos quatro novos tribunais (os TRFs 6ª, 7ª, 8ª, e 9ª regiões), haverá redistribuição dos processos. A principal mudança será na atuação do TRF da 1ª região, com sede em Brasília,  que atendia o Distrito Federal e mais 13 Estados. A nova jurisdição do TRF-1 englobará o DF, GO, MT, TO, PI, MA, PA e AP. Minas Gerais terá um TRF próprio, o 7º. O TRF9 será instalado em Manaus (AM), com jurisdição no Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. O TRF-8 surgirá da divisão da 5ª Região, com sede em Salvador (BA) e jurisdição na Bahia e Sergipe. O TRF-2 mantém a jurisdição nos Estados do RJ e ES e o TRF-3 terá jurisdição somente em São Paulo, Mato Grosso do Sul passará para o TRF6, juntamente com o Paraná e Santa Catarina.  O TRF-4 tratará dos casos apenas do Rio Grande do Sul e o TRF-5 mantém a jurisdição em PE, AL, CE, PB e RN.

Os pesquisadores fixaram como o número ideal de desembargadores para novos tribunais com base na produtividade herdada e na demanda. Para as regiões 6, 7 e 8, o número de desembargadores seria de 14, 20 e 14, respectivamente. No entanto, o da região Norte, no TRF-9, o número de desembargadores seria de 2 – inferior ao mínimo de sete estabelecido pelo pela Constituição Federal.