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Senadores da base dizem que plebiscito deve perguntar sobre fim da reeleição e de coligações

Presidente Dilma Rousseff se reúne com líderes do Senado, nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, em Brasília  - Roberto Stuckert Filho/PR
Presidente Dilma Rousseff se reúne com líderes do Senado, nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, em Brasília Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR

Aiuri Rebello e Débora Melo

Do UOL, em Brasília

27/06/2013 18h42Atualizada em 27/06/2013 19h16

Após reunião na tarde desta quinta-feira (27) com a presidente Dilma Roussef, senadores da base aliada disseram que houve consenso entre os líderes do Senado para fazer um plebiscito sobre a reforma política.

"A questão é que a proposta do plebiscito foi muito bem recebida pela população e isso demonstra que devemos encaminhá-lo o quanto antes para responder a vocês que estão nas ruas", disse Eduardo Braga (PMDB-AM) sobre a reunião com Dilma.

Participaram do encontro os senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE); Gim Argelo (PTB-DF); Rodrigo Rollemberg (PSB-DF); Eduardo Lopes (PRB-RJ); Sérgio Petecão (PSD-AC); José Pimentel (PT-CE); Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado; Eunício Oliveira (PMDB-CE); Eduardo Braga; Walter Pinheiro (PT-BA) ; Benedito de Lira (PP-AL); Paulo Davim (PV-RN). Esteve presente também o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara.

O senador Valdir Raupp disse que o plebiscito deve ser curto, com menos de dez questões. Entre as perguntas que devem ser propostas ao eleitorado estão mandato de cinco anos para presidente sem direito à reeleição, fim das coligações partidárias, financiamento público de campanha e voto distrital para deputados federais. A questão sobre o fim da reeleição, segundo senadores aliados, não foi iniciativa da presidente. 

Plebiscito x referendo

  • Caio Guatelli/Folhapress

    Plebiscito é uma consulta direta ao cidadão em que ele se manifesta sobre um assunto antes que uma lei sobre o tema seja estabelecida. Leia mais
    Referendo é uma forma de consulta ao cidadão sobre um determinado tema. No entanto, ele ocorre quando o povo é chamado a manifestar-se sobre uma lei após ela ter sido elaborada e aprovada pelos órgãos competentes do governo federal. Leia mais

  • Arte/UOL

    Quem é a favor do plebiscito: O governo federal. "É muito importante que o povo opine. A reforma política se arrasta há anos. É necessário que o povo diga qual o sistema que ele quer", disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Leia mais
    Quem é a favor do referendo: A oposição ao governo. Os oposicionistas afirmam que o referendo tem maior facilidade de ser colocado em prática porque os temas da reforma são complexos para serem respondidos de forma simplificada pela população em um plebiscito Leia mais.

Os parlamentares deixaram claro que as perguntas ainda podem mudar e que nada está definido. Segundo os senadores, um dos parlamentares levou mais de 30 perguntas para a reunião com a presidente.

"O estado de espírito geral do Congresso é aprovar o plebiscito. O referendo, proposto por alguns parlamentares, não faz nenhum sentido", disse Renan Calheiros. Segundo o presidente, não há lógica em o Congresso mandar para a população referendar um projeto que não aprovou até agora. "O importante é não fazer as perguntas que o povo não quer responder."

Os senadores do PMDB disseram ainda que, na reunião com Dilma, foi dito que a campanha no rádio e na televisão para esclarecer a população sobre os pontos da reforma deveria ter no mínimo 60 dias.

De acordo com o presidente do Congresso, a reforma política que será provocada pelo plebiscito pode ser aprovada antes de outubro deste ano e não ser aplicada nas eleições do ano que vem ou ainda ser aprovada após outubro e ainda assim valer para 2014.

Conforme com a lei brasileira, mudanças na legislação que afetem o andamento de eleições só podem ser feitas até um ano antes do pleito. "É um caso especial. É o processo de elaboração da reforma política e do plebiscito que vai dizer, isso ainda vai ser decidido ao longo das discussões", afirmou Calheiros. 

Mais cedo, o ministro da Educação, Aloizio também disse haver consenso na base aliada. "Vamos tratar do que é essencial, das balizas. O plebiscito vai nortear e balizar a reforma. Tem que ir no cerne do problema", disse Mercadante

"Dá para fazer uma reforma política sem ouvir a sociedade? Todos foram unânimes em dizer que temos que ouvir. Pode ser até que tenha alguém que pense em ouvir depois, mas, majoritariamente, entende-se que é preciso ouvir antes", disse Eduardo Campos, que também se reuniu com Dilma.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) afirmou que a oposição não foi convidada pela presidente para opinar sobre a reforma política. PSDB,  DEM e MD soltaram nota oficial conjunta dizendo que, pela complexidade da questão, o referendo seria a opção mais adequada.

Encaminhamento do plebiscito

Após a reunião da manhã, Mercadante declarou que o modo pelo qual a consulta será feita, assim como o conteúdo, ainda estão em aberto. Ele disse que não houve tempo ainda para discutir as perguntas do plebiscito, mas que dois temas surgiram como principais: financiamento e sistema eleitoral (forma de votação).

Mercadante afirmou ainda que a decisão do governo é pelo plebiscito e que o governo está aguardando definição do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma definição sobre a melhor data para a realização da consulta.

O ministro voltou a afirmar que a palavra final sobre a realização da consulta é do Congresso Nacional. "Mas não acho que qualquer partido vai negar a vontade manifestada pelo povo."

Questionado pelos jornalistas sobre a partir de quando as decisões do eventual plebiscito valeriam, Eduardo Campos disse que não há definição sobre o assunto. "Esta é uma decisão que será dada no debate do Congresso. Pode ser objeto inclusive do próprio plebiscito."

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  • http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/06/27/qual-a-melhor-maneira-de-fazer-a-reforma-politica-no-brasil.js

Procurado pela reportagem do UOL, o TSE informou que a área técnica está preparando um estudo a ser entregue à ministra Cármen Lúcia, presidente do tribunal. Só depois disso é que ela deve se pronunciar, segundo a assessoria do TSE.

Após anunciar um plebiscito sobre a reforma política e um pacto com cinco itens para a melhoria dos serviços públicos, a presidente foi criticada por ter tomado a decisão sem ouvir o Congresso.

Na terça-feira, Renan disse que talvez a presidente "não tenha tido tempo" de consultar os parlamentares sobre seu projeto de reforma política.

Depois do pacto, Dilma já se reuniu com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, e com o presidente do Congresso nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).