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Relator de processo de Vargas será o mesmo que pediu cassação de Dirceu

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

09/04/2014 16h37Atualizada em 09/04/2014 18h02

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou nesta quarta-feira (9) processo de investigação por improbidade administrativa contra o deputado petista licenciado André Vargas (PR), vice-presidente da Casa, por conta de suspeitas de que teria favorecido um doleiro preso. Com o início do processo, Vargas não pode mais renunciar para evitar a perda dos direitos políticos.

O presidente do conselho, Ricardo Izar (PSD-SP), indicou como relator Julio Delgado (PSB-MG). O mineiro foi o deputado que pediu, em 2005, a cassação do então deputado José Dirceu (PT-SP) por envolvimento no escândalo do mensalão. Após ser cassado, Dirceu foi condenado no julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal) em 2012 e preso em 2013.

Delgado comparou o caso de Vargas ao do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que à época subiu à tribuna para dizer que não conhecia o bicheiro Carlinhos Cachoeira, mas depois acabou cassado em 2012. Vargas admitiu, na tribuna da Câmara, que usou emprestado um avião de um doleiro, mas que eram apenas amigos.

“O André Vargas não fez nada diferente do que o Demóstenes Torres fez na tribuna do Senado: ‘Eu não conheço o Cachoeira, não tenho relação com ele’, mas os caras eram sócios. O André Vargas foi e falou que a relação dele [com o doleiro] era superficial, que ele pediu para a secretária pagar [o voo], que ele se arrependeu e depois chegaram à que conclusão? Que não era nada disso”, afirmou Delgado.

O relator disse ainda que pretende trabalhar para que o processo chegue ao plenário da Casa, responsável pela palavra final, no fim de maio ou, no máximo, início de junho. O objetivo dele é que a questão seja votada em plenário antes da Copa do Mundo.

Delgado calcula que, caso o conselho decida pela cassação, será mais fácil aprovar no plenário porque o voto em sessões de cassação agora é aberto.

A primeira tarefa do relator será apresentar um relatório preliminar, que, segundo adiantou, será pela admissibilidade do processo, já na semana que vem, caso já seja convocada sessão do conselho. “Semana que vem, já estou pronto para apresentar, vamos acelerar”.

Ao comparar o caso de Dirceu com o de Vargas, disse considerar que há provas mais fartas no episódio atual. “O caso do André tem muito mais prova do que a gente tinha na época do Zé Dirceu.”

Se aprovado, Delgado irá, então, preparar um texto definitivo, pela absolvição ou perda de mandato. Após ser votado no conselho, o parecer seguirá para o plenário da Câmara, que terá a palavra final.

Com o início do processo, instaurado hoje, Vargas não pode mais renunciar para evitar a perda dos direitos políticos.