Juscelino Filho adia depoimento à PF sobre esquema de corrupção com emenda
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O ministro Juscelino Filho (Comunicações) adiou o depoimento à Polícia Federal previsto para esta sexta-feira (10) no inquérito que investiga desvio de verba pública pela prefeitura da sua irmã em Vitorino Freire (MA).
Juscelino enviou R$ 5 milhões para a construção de uma estrada que só beneficia sua fazenda e terras de seus familiares. O caso foi revelado pelo Estadão em série de reportagens publicadas no ano passado. A obra da estrada está paralisada desde a descoberta.
Nesta quinta-feira (09), véspera do depoimento, o ministro viajou para o Rio Grande do Sul. Nas redes sociais, anunciou que iria "auxiliar in loco e levar nossa solidariedade" às vítimas das enchentes. Quatro dos 497 municípios estão com afetação total da rede de comunicação.
Após da publicação da reportagem, a assessoria de Juscelino Filho confirmou em nota que o depoimento foi adiado, mas "por razões previamente estabelecidas e acordadas, sem qualquer relação com os eventos no Rio Grande do Sul".
"Repudio categoricamente a notícia do UOL sobre minha visita ao Rio Grande do Sul. A insinuação de que usei a presença em solo gaúcho para adiar compromissos é MENTIRA, além de uma afronta à lógica e ao bom senso. A agenda pública foi meticulosamente cumprida na quinta-feira, com o retorno programado para o mesmo dia, e o depoimento em questão estava agendado para a sexta-feira subsequente", disse, em nota. "Exijo retratação e comprometimento com a verdade dos fatos", complementou.
A assessoria do ministro não informou os motivos do pedido para adiar o depoimento à PF.
Antes da publicação, o ministério foi procurado pelo UOL e disse que "nunca tinha confirmado" o depoimento na sexta-feira (10). "Que eu saiba não tem ainda um dia previsto. Até onde eu sei não era essa data", afirmou em referência ao dia 10.
A coluna mantém a informação de que o ministro buscou agendas para adiar o depoimento, segundo dois assessores do próprio ministro.
CGU disse que obra só beneficiou ministro
Em abril, a Controladoria Geral da União (CGU) confirmou que o ministro direcionou verba pública para construir uma estrada que beneficia apenas a sua fazenda. Na época, ele era deputado federal.
A PF suspeita que a obra tenha sido direcionada pela Codevasf e pela prefeita Luana Rezende, irmã do ministro, para uma empresa em nome de um amigo do ministro. A Polícia Federal afirma que ele mantém uma "relação criminosa com o empresário". Conhecida como a estatal do Centrão, a Codevasf no Maranhão é controlada pelo ministro.
"De um total de 23,1 km, envolvendo R$ 7,5 milhões, 18,6 km, 80%, beneficiariam as propriedades do parlamentar e, ao que parece, de forma individual. Os restantes 4,5 km beneficiariam cinco povoações locais e ainda de forma isolada sem integração com a rodovia estadual, nem com a sede do município", diz um trecho do relatório da CGU.
Juscelino não tem a prerrogativa de decidir o dia do seu depoimento, mas um delegado da Polícia Federal que não atua no caso disse à coluna que ninguém o obrigaria a depor diante de uma agenda envolvendo uma catástrofe.
O ministro também já usou verba pública para ir a leilões de cavalo em São Paulo e colocou seu sogro para comandar o ministério na sua ausência. Ele devolveu o dinheiro após o Estadão revelar a ilegalidade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pressionado a demitir Juscelino, mas aceitou a pressão do União Brasil para mantê-lo no cargo.
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