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André Vargas renuncia à vice-presidência da Câmara

Deputado licenciado André Vargas (PT-PR) - Sérgio Amaral/UOL
Deputado licenciado André Vargas (PT-PR) Imagem: Sérgio Amaral/UOL

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

09/04/2014 20h19Atualizada em 25/04/2014 17h10

O deputado licenciado André Vargas (PT-PR) renunciou na noite desta quarta-feira (9) à vice-presidência da Câmara. Em uma carta enviada ao líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), Vargas afirmou que deixa o cargo para se dedicar a sua defesa no Conselho de Ética, que abriu um processo disciplinar contra ele após denúncias do seu envolvimento com um doleiro preso.

O deputado afirma que a sua decisão visa poupar o partido e a Câmara de um desgaste. Alegando ser alvo de "intenso bombardeio de denúncias e ilações", diz que enfrentará o processo com "tranquilidade" e que irá provar a sua inocência. Na semana passada, Vargas admitiu na tribuna do plenário que havia usado um avião emprestado pelo doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal sob a acusação de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

Com o início do processo no Conselho de Ética, Vargas não pode mais renunciar sem evitar a perda dos direitos políticos por oito anos, conforme determina a Lei da Ficha Limpa.

O cargo da vice-presidência, porém, continua sendo do PT, e o novo nome a ocupar o posto será definido em eleição no plenário convocada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Além do indicado oficial do partido, petistas interessados poderão lançar candidatura avulsa.

Vicentinho, a quem coube ler a carta de Vargas, disse que a bancada considera a decisão de Vargas “o caminho melhor”. “A nossa coordenação, reunida, apoia esta decisão, entende que, de fato, é o caminho melhor”, afirmou.

Ao ser indagado se Vargas ainda cogita renunciar ao mandato, o líder petista tergiversou e respondeu apenas que a decisão é “de foro íntimo, pessoal”.

O Conselho de Ética terá prazo de 90 dias, a partir de amanhã, para votar um parecer, pela cassação ou absolvição, que seguirá para o plenário da Câmara dar a palavra final no voto aberto.    

O presidente do conselho, Ricardo Izar (PSD-SP), já disse que pretende agilizar os trabalhos para dar tempo de encerrar o processo antes da Copa do Mundo, quando o ritmo na Casa diminuirá.

A relatoria ficou com o deputado Julio Delgado (PSB-MG)escolhido a partir de uma lista tríplice. Foi ele também o relator do processo que pediu a cassação do então deputado José Dirceu por envolvimento no escândalo do mensalão. Delgado espera ter o seu relatório pronto até o  início de junho.
 
Além do processo no conselho, Vargas também é algo de investigação pela Corregedoria da Casa.

Leia a íntegra da carta de Vargas:

“Em virtude da decisão tomada hoje pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pela instauração de procedimento de apuração de denúncias apresentadas contra mim, decidi apresentar a minha renúncia da vice-presidência desta Casa.

Tomo esta decisão para que eu possa me concentrar em minha defesa perante o conselho e para não prejudicar o andamento dos trabalhos da Mesa Diretora e também de preservar a imagem da Câmara, do meu partido e de meus colegas deputados.

Tenho enfrentado um intenso bombardeio de denúncias e ilações lançadas em veículos de imprensa baseadas apenas em vazamentos ilegais de informações, as quais terei agora a oportunidade de esclarecer, apresentando a minha versão, a verdade a respeito do que vem sendo divulgado.

Enfrentarei com tranquilidade este processo na certeza de que provarei ao final que não cometi nenhum ilícito. Sigo com muito orgulho de minha história política e minha luta ao lado de tantos companheiros em defesa do povo paranaense e pela construção de um Brasil melhor.”