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Pivô de confusão, senadora vai de "invasora" a defensora de bloqueio no Congresso

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) recebeu vaias das galerias durante seu discurso - Alan Marques - 2.dez.2014/ Folhapress
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) recebeu vaias das galerias durante seu discurso Imagem: Alan Marques - 2.dez.2014/ Folhapress

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasíia

03/12/2014 18h13

Pivô da confusão que tomou conta do plenário da Câmara dos Deputados na última terça-feira (2), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que já participou de "invasões" ao prédio quando militava nos movimentos sociais, agora aprova o bloqueio imposto a manifestantes que quiseram entrar no Congresso nesta quarta-feira (3). “Eu lamento muito. Não sou nem contra e nem a favor. Mas foi uma medida necessária”, afirmou.

A senadora do Amazonas diz apoiar a proibição do acesso às galerias do Congresso. Hoje, um grupo de pelo menos cinquenta pessoas tentou entrar na Câmara dos Deputados para acompanhar as sessões na Casa, mas foi impedido por um forte esquema de segurança. Apenas funcionários, parlamentares e a imprensa tinham acesso ao local. A senadora disse que a culpa pela proibição da entrada dos manifestantes não foi do presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), mas dos próprios manifestantes. 

“Não é culpa do presidente do Congresso. A culpa é deles que descumpriram o regimento. É permitido [o acesso às galerias]. A democracia diz isso. Mas é proibido atrapalhar. Eles insultavam”, diz a senadora.

Senadora pelo Estado do Amazonas, Grazziotin já foi deputada federal, vereadora e sindicalista. Em 1988, ela ocupava a vice-presidência da Confederação dos Trabalhadores em Educação e participou de "ocupações" ao prédio do Congresso. “Eu fiz muito lobby aqui naquela época. Já fui retirada muitas vezes dessas galerias. Numa delas, a gente conseguiu voltar”, lembra a senadora.

A senadora diz que a diferença entre as ocupações das quais ela participou e a que ocorreu na noite da última terça-feira é a ausência dos vidros que separavam as galerias do plenário. "Quando tinha os vidros, a gente [no plenário], não ouvia o que acontecia nas galerias. Sem os vidros, os gritos atrapalhavam a gente. Eles insultavam", explicou.

A confusão que tomou conta do plenário na noite da última terça-feira (2) começou depois que Grazziotin discursou na tribuna. Ela defendia a aprovação do projeto de lei que flexibiliza as metas fiscais do governo federal para este ano. Segundo a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), militantes que ocupavam as galerias da Casa chamaram Grazziotin de “vagabunda”.

"Eu nem ouvi. Foi a deputada Jandira que me falou e outras pessoas me confirmaram", afirma a parlamentar.

A Polícia Legislativa foi chamada e entrou em conflito com os militantes. Um grupo de deputados da oposição saiu em defesa dos manifestantes e a sessão foi suspensa pelo presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros.

Nesta quarta-feira, a Polícia Legislativa impediu a entrada de manifestantes na Casa, atitude que foi criticada por líderes da oposição e por celebridades como o cantor Lobão, que conseguiu furar o bloqueio da segurança e se reuniu com integrantes da bancada de oposição. “Isso aqui é surreal. É um golpe”, disse Lobão.

Apesar de apoiar a proibição da entrada de manifestantes no Congresso, Grazziotin disse que lamentar a atitude da Polícia Legislativa, que imobilizou a aposentada Ruth Gomes de Sá, de 79 anos, durante a confusão no plenário na noite da última terça-feira. “Eu acho que a polícia deveria ter tratado aquela senhora de outra forma. Poderiam tê-la conduzido não daquele jeito. Sem a necessidade daquilo”, afirmou. 

Reveja o tumulto na sessão do Congresso de terça-feira