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Pepe Vargas diz que governo não vai interferir em disputa na Câmara

O ex-ministro das Relações Institucionais Ricardo Berzoini (esq.) na posse do novo ministro da pasta, Pepe Vargas - Wilson Dias - 2.jan.2015 /Agência Brasil
O ex-ministro das Relações Institucionais Ricardo Berzoini (esq.) na posse do novo ministro da pasta, Pepe Vargas Imagem: Wilson Dias - 2.jan.2015 /Agência Brasil

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

08/01/2015 15h47Atualizada em 08/01/2015 16h22

O ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, disse que o governo não vai interferir nas eleições da presidência da Câmara dos Deputados. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (8). Segundo o ministro, o governo vai respeitar a “harmonia e a independência dos Poderes”. Em fevereiro, deputados e senadores irão escolher os cargos das mesas diretoras da Câmara e do Senado -- a presidência da Câmara tem sido apontada como fundamental para o governo.

“É um assunto interno da Câmara dos Deputados no qual o governo não interfere por respeitar a harmonia e independência dos Poderes”, afirmou. Pepe disse que as declarações eram uma resposta a especulações de que o governo estaria interferindo na disputa para a presidência da Câmara. Atualmente, três deputados estão no páreo para a presidência da Casa: Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG).

Chinaglia, que já presidiu a Câmara, é visto como o candidato do governo. Cunha, por sua vez, já afirmou que a bancada do PMDB na Casa não será “aliada automática” do governo. 

Nomeação de aliados para cargos

Pepe Vargas ainda falou sobre o que ele disse que serão as variáveis utilizadas pelo governo para a nomeação dos cargos cujos donos ainda não foram anunciados. Segundo Vargas, o governo vai usar três critérios.

“Nós queremos que as indicações tenham competência e capacidade de gestão para as funções que vierem a ser ocupadas. O segundo critério, nem poderia ser diferente, do histórico de probidade das pessoas, e o critério de equilíbrio entre os partidos da coalizão que elegeu a presidente Dilma Rousseff”, disse o ministro.

A declaração é vista como uma resposta ao descontentamento de partidos aliados em relação à composição dos ministérios anunciada por Dilma nos últimos dias. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) teria manifestado sua insatisfação com a redução da influência do PMDB no governo Dilma.

Pepe disse que é normal que partidos manifestam suas insatisfações. “Nós encaramos todas as manifestações que eventualmente acham que um pode estar melhor posicionado como normais. Não conheço nenhum governo na face da Terra que tenha se constituído e que não possa haver uma queixa”, disse.

CPI da Petrobras

Vargas voltou a dizer que não vê necessidade de criação de uma nova CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os desvios da Petrobras apurados pela operação Lava Jato. Eduardo Cunha defendeu a adesão do partido para a criação de uma nova CPI.

“Nós entendemos que num país que tem MP que atua, num país que tem CGU que atua, num país que tem um judiciário que atua, num país que tem uma PF que atua, isso é muito mais eficiente e que não há necessidade de CPI. Alguém aqui defende, sustenta que esses quatro órgãos, essas quatro instituições que eu citei aqui não estão sendo eficientes?”

Questionado sobre o porquê de o PT ter apoiado CPIs durante governos passados, Pepe disse que não falaria sobre o passado. “Eu não estou falando do passado. Estou falando de hoje. Estou dizendo que hoje, essas instituições funcionam. Se alguém acha que elas não funcionam, que venha sustentar isso. Nós achamos que elas funcionam”, afirmou.