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Não tenho medo da verdade, diz Edinho Silva sobre investigação da Lava Jato

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

07/09/2015 11h32Atualizada em 08/09/2015 22h20

O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT), disse nesta segunda-feira (7) que defende a investigação aberta contra ele pela PGR (Procuradoria Geral da República) por conta de suspeitas relativas à origem de recursos recebidos pela campanha à reeleição da então candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). Edinho Silva foi o tesoureiro do PT durante a campanha de 2014.

“Eu defendo o processo de apuração. Eu não tenho medo da verdade. Eu tenho segurança do que eu fiz na campanha. O maior defensor desse processo sou eu. Eu espero que ao final de tudo isso a verdade prevaleça”, afirmou Edinho após o desfile de 7 de Setembro em Brasília.

O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a abertura de inquérito para investigar informações fornecidas pelo executivo Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC. Pessoa firmou acordo de delação premiada com a Justiça. Ele é réu em processos que investigam irregularidades em contratos com a Petrobras no esquema apurado pela operação Lava Jato. 

Mercadante foi ao desfile de 7 de Setembro e ficou ao lado da presidente Dilma, mas não falou com a imprensa ao deixar o local.

Questionado sobre se deixaria o cargo caso venha a ser denunciado pela PGR, Edinho disse que “prefere esperar” o resultado do inquérito. “Eu prefiro esperar. Só para a gente recuperar, um delator disse que eu o pressionei para fazer doação. Eu dialoguei com dezenas de empresários do Brasil. Ninguém ouviu isso de outro empresário”, afirmou.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a abertura de inquérito não deveria ser suficiente para afastar o ministro Edinho.

“O inquérito significa apurar, ninguém está condenando, se partiu de uma afirmação feita em uma delação premiada e que carece de apuração. Os ministros,  que são pessoas respeitáveis, dizem que os fatos veiculados pela imprensa não conferem”, afirmou.

José Eduardo Cardozo disse ainda que tem “absoluta convicção” na inocência de Edinho. “Da mesma forma o ministro Edinho. Eu o conheço há muitos anos e sei da orientação que ele deu à presidente Dilma em relação à campanha”, disse.

Outro ministro a defender cautela diante do inquérito autorizado pelo STF foi o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT). Ele disse que as investigações não podem ser vistas como um “pré-julgamento” e que elas não constrangem o governo.

“Tem que se esclarecer tudo. Eventualmente, pode ser uma mera citação e aí o PGR (procurador-geral da República) pediu autorização. O ministro Teori [Zavascki] concedeu porque não se pode inocentar sem olhar o que foi dito. Mas não tem pré-julgamento. Não há constrangimento”, disse Jaques Wagner.

O ministro também não vê problemas na permanência dos dois ministros no governo. “Acho que, enquanto for investigação, não vejo nenhum problema. Se fosse uma denúncia, seria diferente”, afirmou.

Questionado sobre qual seria sua opinião em relação a uma eventual denúncia, o ministro da Defesa foi evasivo. “Se eles forem denunciados é uma outra questão. Por enquanto, vamos ficar na investigação”, disse.