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Papéis atribuídos a Cunha comprovariam contas na Suíça, diz TV

Do UOL, em Brasília

16/10/2015 13h47Atualizada em 16/10/2015 19h45

Autoridades do governo da Suíça enviaram à PGR (Procuradoria Geral da República) supostas cópias do passaporte, assinatura e dados pessoais do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que comprovariam que a existência das contas atribuídas a Cunha no país europeu. Os papéis foram exibidos pelo "Jornal Hoje", da TV Globo, na tarde desta sexta-feira (16). Eduardo Cunha nega ter contas no exterior.

Os documentos fazem parte do pedido de inquérito contra Cunha, sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, e a filha do parlamentar, Danielle da Cunha, que foi encaminhado pela PGR e autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na última quinta-feira (15). Cláudia já foi apresentadora do Jornal Hoje, veículo que agora a denuncia.

De acordo com a reportagem, as contas de Cunha na Suíça receberam depósitos de pelo menos 4,8 milhões de francos suíços e US$ 1,3 milhão, equivalentes a R$ 23,8 milhões. Segundo a PGR, há indícios de que a origem dos recursos foi o pagamento de propina no esquema investigado pela operação Lava Jato.

Ainda de acordo com a reportagem, investigadores da PGR afirmam que os documentos encaminhados pelas autoridades suíças indicam que Cunha era mesmo o benefício das contas secretas, elo que ainda não estava delineado nas denúncias anteriores.

Entre os documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça estão cópias do passaporte de Cunha, Cláudia Cruz e Danielle Cunha, do visto concedido pelos Estados Unidos para a entrada de parlamentar no território americano e uma autorização de investimentos relativa a uma das contas em que há o registro de uma assinatura do presidente da Câmara.

Segundo com a TV, na documentação estão dados pessoais como nome completo, data de nascimento e endereço em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Em um dos cadastros, a correspondência da conta atribuída a Cunha é enviada a endereço nos Estados Unidos porque o cliente teria informado ao banco que vive em país em que não há serviço postal seguro. Em outro cadastro, Cunha teria informado que deseja trabalhar na Suíça.

As investigações realizadas pelo Ministério Público da Suíça e pela PGR indicam que Cunha manteve quatro contas no país europeu e que elas foram abertas entre 2007 e 2008. Duas delas teriam sido fechadas entre abril e maio de 2014, logo após as primeiras prisões realizadas pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos da Petrobras e da Eletronuclear.

A apresentação de documentos que comprovam a abertura de contas em favor de Cunha e sua família no exterior acontece na mesma semana em que o PSOL e a Rede denunciaram o parlamentar junto ao Conselho de Ética da Câmara.

Cunha é acusado de ter mentido durante seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, em março deste ano. Na ocasião, Cunha negou ter contas no exterior. 

Desde que as primeiras informações sobre as supostas contas de Cunha na Suíça foram reveladas, o presidente da Câmara tem evitado se manifestar sobre o assunto. Ele emitiu duas notas oficiais nas quais nega ter tido contas no exterior e reiteira o depoimento prestado à CPI da Petrobras. 

Em agosto deste ano, a PGR denunciou Cunha por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. 

A reportagem do UOL ligou para o telefone celular do advogado de Eduardo Cunha, Antônio Fernando de Souza para comentar o assunto, mas ele não atendeu às chamadas. 

No final da tarde de sexta, a assessoria de imprensa da Câmara soltou nota oficial em que Cunha rebate as acusações. Ele nega ter recebido vantagens e nega ter mentido à CPI. "É muito estranha essa aceleração de procedimentos às vésperas da divulgação de decisões sobre pedidos de abertura de processo de impeachment, procurando desqualificar eventuais decisões, seja de aceitação ou de rejeição, do presidente da Câmara", diz o texto, que é recheado de críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. 

"Os seus [de Cunha] advogados, tão logo tenham acesso aos documentos e ao inquérito, darão resposta precisa aos fatos existentes."