"O que mudou foi a corrupção", diz parceiro de Delcídio na CPI dos Correios
“Pensei que as coisas iriam mudar, mas o que mudou foi a corrupção”. Foi assim que o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-RS) definiu o que ele chama de “tristeza” após o anúncio da prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) nesta quarta-feira (25). Serraglio foi relator da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, em 2005, que era presidida por Delcídio.
Juntos, os dois comandaram a CPI que apurou as irregularidades do caso do mensalão e que resultou na cassação de figuras como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Delcídio do Amaral foi preso nesta quarta-feira (25) pela Polícia Federal depois de o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki ter autorizado o pedido feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Segundo a PGR, Delcídio tentou obstruir as investigações da operação Lava Jato oferecendo uma “mesada” de R$ 50 mil à família do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró caso ele não o prejudicasse em uma eventual delação premiada. Segundo a PGR, Delcídio chegou a planejar parte de uma rota de fuga para Cerveró a ser posta em prática caso ele fosse solto.
Osmar Serraglio disse que a prisão do ex-colega de CPMI o pegou de surpresa. “Claro que surpreende. Eu ainda não sei dos detalhes, mas é uma novidade para mim. Não fazia ideia desse envolvimento dele que parece agora que houve”, disse.
Serraglio afirmou que as revelações sobre sua suposta participação no esquema da Lava Jato contrastam com a postura adotada por Delcídio durante a condução da CPI dos Correios.
Na época, ele foi bastante imparcial. Ele nunca fez nada para prejudicar as nossas investigações. Tinha até uma certa antipatia dentro do PT em relação a ele
Osmar Serraglio, sobre o papel de Delcidio na CPI que investigou mensalão
O parlamentar afirma que a prisão de Delcídio, em si, é triste, mas que os fatos que levaram à prisão do senador são ainda piores. “Estou triste pela prisão, mas muito mais triste pelos motivos que levaram a ela”, disse.
Para Serraglio, a prisão de Delcídio e a Operação Lava Jato mostram que ele estava “enganado” quando os trabalhos da CPI dos Correios terminaram. “Eu me sinto como quem achou que as coisas iriam mudar, porque naquela época, pela primeira vez a gente tinha pessoas importantes sendo responsabilizadas. Eu imaginei que, pedagogicamente, isso ensinaria as pessoas para mudar. Na realidade, o que mudou foi a corrupção. Mudou dos Correios para a Petrobras”, disse Serraglio.
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