"Pela enésima vez, não haverá interferência na Lava Jato", diz Temer
Após a queda de dois ministros em menos de 20 dias de gestão, o presidente interino, Michel Temer (PMDB), disse nesta quarta-feira (1º) que o governo não vai interferir na condução da Operação Lava Jato.
"Quero revelar, pela enésima vez, que ninguém vai interferir na chamada Lava Jato. Toda hora leio uma ou outra notícia que o objetivo é derrubar a Lava Jato. Por isso que eu tomo a liberdade, sem nenhum deboche, de dizer pela enésima vez que não haverá a menor possibilidade de qualquer interferência do Executivo nessa matéria", afirmou Temer durante um discurso realizado no Palácio do Planalto.
As declarações foram feitas durante a posse dos presidentes Pedro Parente (Petrobras), Maria Sílvia (BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Paulo Caffareli (Banco do Brasil), Gilberto Occhi (Caixa Econômica Federal) e Ernesto Lozardo (Ipea).
Conversas gravadas pelo delator e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado causaram a queda do ex-ministro da Transparência Fabiano Silveira, na última segunda-feira (30).
Nas conversas, Silveira aparece dando conselhos para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre como se defender da Operação Lava Jato.
O primeiro foi o ex-ministro e hoje senador Romero Jucá (PMDB-RR), que também foi alvo de gravações feitas por Machado. Numa delas, ele diz que é preciso fazer um "pacto" para "estancar a sangria" causada pela Operação Lava Jato.
Temer também aproveitou o discurso de hoje para rebater críticas feitas por opositores, entre eles a presidente afastada, Dilma Rousseff (PT).
Gastos com saúde e educação
Sobre a proposta que prevê a limitação dos gastos públicos pela variação da inflação, que iria reduzir os investimentos em saúde e educação, segundo os críticos, Temer disse que não haverá impactos nos gastos nessas duas áreas.
"Sem embargo da redução da limitação das despesas, os percentuais referentes à saúde e educação não serão modificados. Muitas e muitas vezes, há afirmações de que esse governo vai destruir tudo que diz respeito a tudo o que mais toca aos setores sociais. Faço questão de enfatizar e até peço que, ao ouvirem o que estou dizendo, grifem essa parte”, afirmou Temer.
Estado eficiente
Em uma menção velada às críticas de que seu ministério tem uma grande presença de políticos, Temer disse que a composição do seu governo busca a formação de um Estado "eficiente".
"O Estado que queremos não é grande e nem pequeno. Não é o Estado máximo e nem mínimo. É o Estado suficiente. E porque suficiente, eficiente", afirmou.
Reconstrução nacional
Em outra referência às críticas que vem recebendo desde que assumiu a Presidência, Temer disse ter a impressão de que está há "três ou quatro anos no governo".
"De vez em quando, vejo o noticiário e tenho a impressão de que eu tenho três ou quatro anos no governo. Mas o que eu quero dizer é que, com menos de 20 dias, hoje é o 19º, vejam que eu conto dia a dia, já pudemos apresentar ao país uma agenda positiva de reconstrução nacional", afirmou Temer referindo-se à aprovação da nova meta fiscal pelo Congresso Nacional e à redução no número de ministérios.
Ao falar sobre o aumento na taxa do desemprego e dos impactos da crise econômica, Temer pediu a adoção de um "pensamento unitário" para superar a crise. "Tenho absoluta convicção de que senão houver esse pensamento unitário, fica difícil sair da crise", afirmou Temer.
"O país se encontra mergulhado em uma das grandes crises de sua história. Problemas ocasionados por erros comprometeram a governabilidade e a qualidade de nossa gente."
O presidente interino disse ainda que não iria adotar o discurso de "herança" para se referir a eventuais problemas deixados pelo governo Dilma Rousseff.
"Não falarei em herança de espécie nenhuma. Precisamos modificar esses hábitos que se instalaram no Brasil como se o passado fosse responsável pelo presente. Por isso reitero: não falarei em herança de espécie alguma. Apenas revelo a verdade dos fatos para que, eventuais oportunistas não venham a debitar os erros dessa herança ao nosso governo. Vez ou outra eu até ouço dizer que o governo Temer que tem 19 dias tem 11,5 milhões de desempregados”, disse.
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