Uma manhã de veneno verbal no julgamento do impeachment: um resumo em 4 atos
Se alguns termos fossem escolhidos para formar uma "nuvem de palavras" com base nos discursos e nas discussões ocorridas na manhã desta sexta no Senado, durante mais uma sessão do julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, um resumo dos pontos "altos" (se é que podemos assim classificá-los) poderia trazer isso: "Vingança", "desqualificado", "cracolândia", "burrice infinita", "hospício", "baixaria". Aqui vai um resumo deste drama em quatro atos:
PRIMEIRO ATO: "Vingança"
O ex-ministro José Eduardo Cardozo, advogado de defesa de Dilma, decidiu retirar duas das seis testemunhas que iriam depor. No início da sessão, disse que estava abrindo mão do depoimento da ex-secretária de Orçamento Federal Esther Dweck e pediu para que o professor da Uerj Ricardo Lodi fosse ouvido apenas como informante.
Seu argumento: não queria expor Esther "à vingança" dos senadores da base aliada do presidente interino Michel Temer, que estariam irritados com o fato de Ricardo Lewandowski (presidente do STF e do processo do impeachment no Senado) ter impugnado uma das testemunhas de acusação.
SEGUNDO ATO: Lindbergh x Caiado
O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), havia pedido a suspeição de Esther, alegando que ela não seria isenta por ter sido contratada para trabalhar no gabinete da senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), que defende Dilma. Ele acusou a senadora petista de ter feito "aliciamento" de testemunha ao nomear Esther. Isso irritou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que foi ao microfone e disse, sobre Caiado: "Esse senhor é um desqualificado!".
Caiado reagiu com ataques a Lindbergh: "É pior que Beira-Mar. Tem mais de 30 processos no Supremo Tribunal Federal."
O petista devolveu: "Cachoeira é quem sabe de sua vida" (numa alusão a supostas ligações de Caiado com o bicheiro Carlinhos Cachoeira).
Fora do microfone, Caiado fez outro ataque a Lindbergh: "Tem uma cracolândia no seu gabinete."
TERCEIRO ATO: Desliguem-se os microfones
Irritado com os ataques entre os senadores, o ministro Ricardo Lewandowski suspendeu a sessão e desligou os microfones. Ele disse que iria usar seu poder de polícia para exigir respeito mútuo e recíproco.
QUARTO ATO: "Hospício", "burrice infinita", "baixaria".
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu a palavra logo depois de Lewandowski suspender a sessão. Disse que Lewandowski estava sendo obrigado a conduzir o julgamento "em um hospício". Disse que fica muito triste porque essa sessão é sobretudo uma demonstração de que "a burrice é infinita".
Em seguida, lembrou de uma declaração da senadora Gleisi na véspera (Gleisi havia dito que o Senado não tinha moral para julgar a presidente da República). Renan disse que achou isso "o cúmulo". Pra terminar: "Uma senadora que há 30 dias o presidente do Senado conseguiu no STF desfazer o seu indiciamento e do seu esposo". A partir daí, mais um bate-boca se instalou, com gritos de "que baixaria", "não é verdade".
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