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"Nós resgatamos a Petrobras", diz Dilma no Senado

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

29/08/2016 20h51

A presidente afastada, Dilma Rousseff, rebateu as críticas de que seu governo teria “destruído” a Petrobras e afirmou que os investimentos em pesquisa e produção no pré-sal na verdade “resgataram” a empresa.

“E não venham falar que nós destruímos a Petrobras. Nós resgatamos a Petrobras. Porque foi graças ao fato de que esse país investiu na descoberta de petróleo que hoje nós temos a metade da produção de petróleo do Brasil oriunda do pré-sal”, afirmou Dilma.

A presidente está sendo ouvida nesta segunda-feira (29) no Senado na fase de interrogação do processo de impeachment.

Dilma se disse preocupada também com o projeto de lei, em tramitação no Congresso Nacional, que altera as regras de exploração do pré-sal e podem permitir a redução da participação da Petrobras na exploração desses campos de petróleo.

Segundo Dilma, as regras atuais permitem ampliar os investimentos em educação com parte da receita da exploração. “É nosso passaporte para o futuro, porque é forma de melhorarmos a educação no Brasil”, disse.

A oposição a Dilma aponta que os governos do PT prejudicaram o desempenho da empresa de petróleo por terem participado, e permitido, o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato que envolvia a estatal e alguns dos principais partidos do país, como o PMDB e o PP.

Dilma sempre afirmou não ter participação ou conhecimento do esquema e ter permitido que os órgãos de investigação atuassem com independência no combate à corrupção.

O depoimento de Dilma começou na manhã desta segunda-feira. Ao iniciar sua fala, Dilma fez um discurso de quase 50 minutos em que se disse injustiçada e chamou o processo de impeachment de "golpe".  

Em seguida, ela passou a responder a perguntas dos 51 senadores que se inscreveram para fazer questionamentos.

Os advogados autores da denúncia do impeachment, que representam a acusação, também poderão fazer perguntas, assim como o advogado de defesa da presidente, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

Próximos passos

Após o fim do depoimento de Dilma, a acusação e a defesa terão uma hora e meia cada para considerações finais sobre o processo. Em seguida, há mais uma hora de fala para cada lado para réplica e tréplica.

Depois da fase de debate entre acusação e defesa, os 81 senadores podem falar por 10 minutos sobre o processo de impeachment.

Por fim, antes de ser aberta a votação, dois senadores falam pela acusação contra a presidente e dois, em sua defesa, por cinco minutos cada um. Em seguida, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, abre a votação, para que os senadores julguem Dilma pelo voto.

O impeachment é aprovado apenas se tiver o apoio de 54 senadores. Se for condenada, Dilma perde definitivamente o cargo e fica proibida de ocupar cargos públicos por oito anos.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse acreditar que o julgamento se encerre na madrugada da quarta-feira (31).