Após decisão do TSE, Garotinho é transferido de Bangu para hospital no Rio
Por ordem da ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luciana Lóssio, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho foi transferido no início da madrugada deste sábado (19) para um hospital particular na Quinta da Boa Vista (zona norte do Rio). Garotinho causou tumulto na noite de quinta-feira (17) ao tentar resistir a deixar o hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, onde estava internado após ter sido preso na quarta (17).
O ex-governador foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de usar programas sociais para comprar votos. Ele teve um pico de pressão enquanto estava na sede da PF, o que motivou sua primeira internação. Mas, diante da denúncia de que ele estaria recebendo regalias no Souza Aguiar, o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro), determinou que ele fosse transferido ontem para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da cidade.
O ex-governador deverá passar por um cateterismo e outros exames médicos. A juíza determinou ainda que o pedido de habeas corpus feito pela defesa do governador seja avaliado na próxima sessão do tribunal e determina que, caso seja “ultrapassado o prazo necessário para a conclusão dos exames e procedimentos médicos” antes do julgamento, o ex-governador permaneça em prisão domiciliar.
"Não cabe à autoridade judiciária avaliar o quadro clínico do segregado, tal como levado a efeito pelo juiz zonal, que assim procedeu sem qualquer embasamento técnico-pericial por parte de equipe médica regularmente constituída, atitude, a meu ver, em tudo temerária, ante o risco de gravame à integridade física do custodiado”, afirma a ministra em sua decisão.
Transferência para Bangu
A Polícia Federal (PF) foi acionada pela Justiça de Campos dos Goytacazes para fazer a transferência de Garotinho, o que só ocorreu às 22h45 da quinta-feira. Ele saiu amparado pelos bombeiros do Samu, mas recusou-se a entrar na ambulância, levantando-se por duas vezes da maca onde estava, precisando ser contido pelos profissionais de saúde.
A família queria impedir sua transferência, alegando que a unidade de saúde do presídio não tem condições para tratar o ex-governador, que estaria com problemas cardíacos.
"Ultrapassamos a crueldade testemunhada por todos, em que um paciente é arrancado de um hospital sem concluir seu tratamento", afirmou o advogado do ex-governador, Fernando Fernandes.
A defesa do ex-governador entrou com novo pedido de habeas corpus ao TSE nesta sexta. O primeiro pedido de liberdade havia sido negado nesta quarta pela ministra Luciana sob a alegação de que o caso deveria ser analisado primeiramente no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.
Prisão
Garotinho foi preso preventivamente pela Polícia Federal sob a acusação de compra de voto, associação criminosa e coação.
Ele foi o principal alvo da Operação Chequinho, que apura fraudes no programa Cheque Cidadão. A ação foi autorizada pela Justiça Eleitoral de Campos dos Goytacazes, o reduto eleitoral do ex-governador, a 270 km da capital fluminense. Garotinho é secretário de Governo da cidade, e a prefeita é a mulher dele, Rosinha Garotinho.
De acordo com as investigações, eleitores eram inscritos no programa que dá R$ 200 por mês a famílias de baixa renda. Os advogados do ex-governador sustentam que a "prisão é arbitrária, ilegal e baseada em fatos que não ocorreram".
Fernandes disse que o decreto de prisão ocorrido em razão de decisão da 100ª Vara Eleitoral de Campos vem na sequência de uma série de prisões ilegais decretadas por aquele juízo e suspensas por decisões liminares do TSE.
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