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PF leva coercitivamente presidente do TCE-RJ para depor em ação ligada a Lava Jato

O presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes, foi levado para depor na sede da PF - Cris Torres/Governo do Estado do RJ/Divulgação
O presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes, foi levado para depor na sede da PF Imagem: Cris Torres/Governo do Estado do RJ/Divulgação

Do UOL, no Rio

13/12/2016 08h02Atualizada em 13/12/2016 10h45

A Polícia Federal do Rio de Janeiro realiza na manhã desta terça-feira (13) uma operação com o objetivo de investigar crimes que teriam sido cometidos pelo presidente do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio), Jonas Lopes, e pessoas ligadas a ele.

De acordo com a PF, Lopes é investigado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Por força de uma ordem judicial, ele foi levado para depor na sede da Polícia Federal de forma coercitiva, isto é, quando o investigado não pode se negar a ir prestar esclarecimentos.

No total, são cumpridos dez mandados de busca e apreensão, além de três de condução coercitiva, todos expedidos pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Segundo reportagem da "TV Globo", Lopes pediu dinheiro à Odebrecht para que o TCE-RJ aprovasse o edital de concessão do Maracanã e a um relatório sobre as obras da Linha 4 do metrô do Rio –projetos nos quais a empresa está diretamente envolvida.

A solicitação de propina foi relatada pelo diretor de contratos da empreiteira, Leandro Azevedo, em delação premiada feita ao Ministério Público Federal.

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Segundo a reportagem, na delação, Azevedo disse que Lopes pediu R$ 4 milhões de reais para interceder pela aprovação do edital de concessão do Maracanã. Desse total, R$ 1 milhão teria sido entregue ao filho do presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes de Carvalho Neto, no escritório de advocacia dele, no centro do Rio.

O Maracanã teve sua administração privatizada em 2013. O negócio nunca foi bem-sucedido. A Odebrecht assumiu o controle do estádio após uma licitação conturbada e questionada pelo Ministério Público. Hoje, quer deixar a gestão do espaço.

Azevedo também informou em sua delação que o atual presidente do TCE-RJ procurou representantes de empreiteiras envolvidas na construção da Linha 4 no metrô, incluindo a Odebrecht, para solicitar propina para aprovação das contas da obra. Lopes teria 1% do valor do total da obra para que conselheiros aprovassem as contas dela. Na época, a exigência resultaria numa propina de R$ 60 milhões. O valor, porém, não foi pago.

A Linha 4 do metrô do Rio custou mais de R$ 10 bilhões. A obra foi realizada para a Olimpíada de 2016. Durante sua execução, ela correu risco de não ficar pronta a tempo pois o governo do Rio de Janeiro não tinha dinheiro para pagá-la.

Operação Descontrole

A operação, batizada "Descontrole", é resultado do trabalho da força-tarefa da Operação Lava Jato em território fluminense. Participam da ação 40 policiais federais e representantes do MPF (Ministério Público Federal).

Por volta das 8h, testemunhas relataram que dois carros da PF entraram na sede do Tribunal de Contas, localizada no centro da cidade.

O UOL tentou entrar em contato, por telefone, com o chefe da assessoria de comunicação do órgão, mas ainda não obteve sucesso. A reportagem enviou um e-mail para o tribunal com uma solicitação de posicionamento. Não houve resposta até 8h42 desta terça. (Com Estadão Conteúdo)