Crivella doa sangue no Rio e fala em "acerto de contas" com planos de saúde
Em seu primeiro dia útil como prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB) compareceu na manhã desta segunda-feira (2) ao Hemorio, no centro da capital fluminense, para doar sangue. Acompanhado da família, secretários e assessores, Crivella passou pelo procedimento de triagem, coleta e pós-atendimento em cerca de 40 minutos.
Durante a visita, o novo prefeito voltou a falar dos problemas da área de saúde, considerada uma prioridade da gestão, e disse que espera fazer um "acerto de contas" com os planos de saúde que tem dívidas com o governo.
"Tem uma dívida grande dos planos de saúde com a prefeitura. Chegou a hora de a gente chamar o Ministério Público, o Tribunal de Contas e fazer um acerto de contas. Se eles não podem pagar tudo, que nos ajudem em consultas com especialistas, exames e cirurgias de baixa complexidade."
Segundo Crivella, os débitos dos planos de saúde ultrapassam a marca de R$ 500 milhões.
"Isso seria muito bom para nós, pois temos hoje cem mil pessoas no Sisreg [sistema de regulação de leitos] aguardando vaga, algumas delas com risco de vida."
Na saída do Hemorio, o secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo Mattos, explicou que a dívida de R$ 500 milhões que as operadoras de planos de saúde têm com o governo municipal foi calculada pela própria equipe de transição de Crivella.
Esse débito é referente à impostos devidos por essas empresas, principalmente o ISS. Mattos disse ainda que o diálogo com as operadoras ainda não foi aberto, mas que ela serão chamadas para negociar.
"Uma estratégia seria reverter uma parte dessa dívida em serviços, como consultas, exames e cirurgias. Estamos analisando a viabilidade disso. Se tudo ocorrer bem, será uma grande força para a gente mitigar essa fila que fere o senso da nossa dignidade", declarou o secretário municipal de Saúde.
Municipalização das UPAs
Outro dos planos da nova gestão da Secretaria Municipal de Saúde, é promover a municipalização de 16 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) estaduais. Para isso, ele determinou que Mattos e equipe façam um estudo de viabilidade e aplicação. O prazo é de um mês.
Crivella disse ainda que, apesar do momento de recessão econômica e dificuldade em angariar recursos, espera já em 2017 aumentar o número de leitos disponíveis na rede municipal.
"Os recursos não são tantos. Vamos fazer convênios e parcerias público-privadas. Tenho certeza que vamos conseguir aumentar os leitos em pelo menos 20% nesse primeiro ano."
Sobre a doação de sangue, anunciada por ele durante o discurso de posse, no domingo (1º), na Câmara Municipal, Crivella --que é bispo licenciado da Igreja Universal-- afirmou que "uma cidade é tão desenvolvida quanto o seu nível de solidariedade".
Dos 12 secretários convocados por Crivella para que doassem sangue junto, apenas dois compareceram: Mattos e Teresa Bergher (PSDB), da Assistência Social e Direitos Humanos.
Além do prefeito e de sua equipe, estiveram no local um grupo de 15 pessoas, que se identificaram tão somente como eleitores. Um deles, que parecia liderar os demais, afirmou que eles foram ao Hemorio "por iniciativa própria" para doar sangue.
Questionados se o grupo era de alguma igreja evangélica, três integrantes afirmaram que preferiam não responder.
Após doar sangue, ainda na sala de coleta, Crivella foi abordado novamente pelos profissionais de imprensa que aguardavam uma palavra final do prefeito. Mas ele apenas brincou com a imprensa: "Nenhum repórter doou", disse ele, antes de seguir para o local reservado ao lanche.
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