PT anuncia apoio a deputado do PDT na disputa pela presidência da Câmara
Por unanimidade, a bancada do PT na Câmara confirmou o apoio do partido à candidatura de André Figueiredo (PDT-CE) nesta terça-feira (31), em Brasília. A decisão foi sob uma salva de palmas.
Após o anúncio do apoio petista, Figueiredo se disse "emocionado" com o apoio do partido. O pedetista disse que a Câmara vem votando pautas polêmicas "no afogadilho", de forma apressada, sem respeito à oposição.
Para o deputado federal José Guimarães (PT-CE), prevaleceu para a decisão do partido o "desejo nacional" dos movimentos populares que pediram a unidade das esquerdas e a necessidade de unir a bancada petista. Questionado se a pressão da militância contra o apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ) havia funcionado, Guimarães disse que é necessário levar em conta quem não é filiado ao PT.
"Esse modelo de que se decide só para quem é filiado, acho que está esgotado. Nós temos que pensar outras formas de participação na vida partidária. Esse processo aqui foi um exemplo", disse. "Há que ter espaço para isso."
A decisão de apoiar Figueiredo veio após diversas idas e vindas do partido sobre o apoio a Rodrigo Maia ou até mesmo a Jovair Arantes (PTB-GO). No entanto, os rumores de que a legenda poderia declarar apoio a Maia --defensor do impeachment de Dilma Rousseff e aliado do governo de Michel Temer-- racharam a bancada e irritaram a militância.
Em seu discurso após receber apoio do PT, Figueiredo saiu em defesa do Congresso. "O Poder Legislativo virou a 'Geni' de todos os debates", disse Figueiredo, em referência à personagem da canção de Chico Buarque.
O deputado do PDT criticou a "subserviência" do Legislativo ao Executivo, com alteração de texto de projetos por pressão externa. "Isso é um escárnio."
Na segunda-feira (30), uma posição dos petistas foi cobrada por Figueiredo e outros três candidatos: Jovair Arantes, Rogério Rosso (PSD-DF) e Julio Delgado (PSB-MG). Juntos, eles entraram com mais um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a candidatura do atual presidente da Câmara, tido como favorito na disputa e nome preferido do Planalto.
Um parecer da assessoria jurídica da Câmara aponta que quem ocupa a presidência da Casa não pode concorrer à reeleição na mesma legislatura, caso de Maia, que chegou ao posto em julho de 2016 para um “mandato-tampão”, após a renúncia do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Até esta terça, o PT ainda não havia demonstrado oficialmente apoio a nenhuma candidatura nem se pronunciado sobre se concorda ou não com a presença de Maia na disputa.
O PT tem 58 deputados federais, segunda maior bancada na Câmara, atrás apenas do PMDB.
Candidaturas de oposição
Entre os candidatos à presidência da Câmara, apenas Figueiredo e Delgado --nome anunciado apenas ontem-- são de oposição ao governo do presidente Michel Temer (PMDB). Do outro lado, Maia é aliado do Planalto. Jovair e Rosso foram parte do “centrão”, grupo que reúne partidos políticos medianos ou nanicos, mas com tendência a apoiar a Temer.
O pedetista disse esperar que ao menos parte da bancada do PCdoB apoie sua candidatura e questionou o apoio dos comunistas a Rodrigo Maia, que defende pautas como a reforma trabalhista.
O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), que estava ao lado de Figueiredo no anúncio da decisão, também demonstrou esperança de que o PCdoB, com 12 cadeiras na Câmara, apoie o parlamentar do PDT.
"Nós queremos trazer o PCdoB não só para o bloco, mas queremos também que ele apoie o André. Nós vamos dialogar com o PCdoB. A gente respeita os órgãos de decisão do PCdoB, mas que seja possível ele mudar de posição e, de hoje para amanhã, participar do apoio ao André", disse o deputado.
A escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados será feita na manhã da próxima quinta-feira (2).
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