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Picciani é eleito presidente da Alerj pela 6ª vez e pode chegar a 12 anos no cargo

O deputado estadual Jorge Picciani (PMDB-RJ), reeleito presidente da Alerj - Júlio César Guimarães/UOL
O deputado estadual Jorge Picciani (PMDB-RJ), reeleito presidente da Alerj Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

01/02/2017 15h38Atualizada em 01/02/2017 16h12

Um dos políticos mais influentes do Rio de Janeiro, Jorge Picciani (PMDB) foi reeleito nesta quarta-feira (1º) para o seu sexto mandato à frente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Como os mandatos na casa são de dois anos, o peemedebista pode completar 12 anos não consecutivos no comando dos deputados estaduais.

Picciani foi eleito com 64 votos contra seis. A bancada do PSOL, com cinco integrantes, e o deputado Dr Julianelli (Rede) foiram os únicos a votarem contra a recondução. Não houve nenhuma abstenção.

A nova mesa diretora da Alerj é formada por Picciani e tem como vices os deputados Wagner Montes (PRB), Ceciliano (PT), Jânio Mendes (PDT) e Marcus Vinicius (PTB).

"O que nós vamos votar semana que vem é a oportunidade de dar uma saída ao Estado. O que nós vamos tratar aqui é daqueles que querem seguir com bombas, discussão, ou defender o Estado", disse Picciani após a eleição, ao defender a votação do plano de austeridade que deve começar na próxima semana.

O deputado concorreu à reeleição em chapa única sob investigação de enriquecimento ilícito e no meio do furacão em que se transformou a crise econômica e fiscal do Rio. Enquanto os deputados votavam, servidores estaduais entravam em confronto com policiais da tropa de choque em frente ao Palácio Tiradentes.

No interior do plenário, era possível ouvir as bombas de efeito moral e sentir o cheiro de gás de pimenta lançado pela polícia.

Picciani falou que irá colocar a venda da Cedae (Companhia de Águas e Esgoto do Rio) em pauta na próxima terça-feira (7). Ele definiu como "muito bem elaborado" o plano de recuperação apresentado pelo Estado e disse que os confrontos ocorridos do lado de fora do palácio durante a votação eram uma "questão de segurança" sobre a qual não tem inferência.

No último ano mandato, Picciani se destacou pelas críticas ao governador do Estado e chegou a declarar que o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) “não existe”.

No fim do ano, comandou a votação que enterrou o pacote de austeridade enviado à casa por Pezão que agora retorna com um plano de recuperação fiscal com medidas semelhantes e avalizado pela União.

“Eu vim a público e disse que não tem governo, não tem quem coordene, o governador nada entende. O Estado é de uma desorganização... Não era assim não, mas conseguiram fazer uma balbúrdia no Estado que não é simples”, afirmou, em entrevista ao UOL, em dezembro.

Picciani procura manter a liderança em um cenário conturbado para o PMDB no Estado –o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) está preso preventivamente desde novembro, assim como deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), ex-presidente da Câmara dos Deputados, preso em outubro. 

Deputado estadual, ele nunca ocupou um cargo federal. Perdeu apenas uma eleição, em 2010, quanto tentou uma vaga no Senado. 

Liderou o grupo de peemedebistas que apoiou a campanha de Aécio Neves (PSDB) à presidência em 2014, indo contra Pezão. Depois, se aliou ao governo de Dilma Rousseff. Após o impeachment seu filho, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB), tornou-se ministro dos Esportes na gestão Michel Temer.

Atualmente Picciani é investigado pela Procuradoria-Geral de Justiça suspeito de obter propina por meio da venda de gado de sua empresa, o que ele nega.