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Operação da PF com 1.100 homens busca desarticular quadrilha que adulterava alimentos

Do UOL, em São Paulo

17/03/2017 07h28

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (17) uma operação para desarticular uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio.

Segundo as investigações que duraram cerca de dois anos, as Superintêndencias Regionais do Ministério da Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás "atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público".

"Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva", diz a PF em nota.

Entre as empresas investigadas estão a JBS (maior processadora de carne bovina do mundo), a BRF Foods (oriunda da fusão da Sadia com a Perdigão) e Seara. O UOL ainda não conseguiu ouvir as empresas nem o Ministério da Agricultura. Em nota, a JBS negou irregularidades na produção e venda de carnes

Intitulada de "Operação Carne Fraca", a ação conta com aproximadamente 1.100 policiais federais que cumprem 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva (com tempo indeterminado), 11 de prisão temporária (com prazo inicial de cinco dias), 77 de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecimentos) e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso.

A PF diz que os números fazem desta a maior operação já realizada pela instituição em toda sua história.

As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e estão sendo cumpridas em seis Estados (São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás) e no Distrito Federal. A operação de hoje não tem relação com a Lava Jato, que é comandada pela 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, do juiz Sergio Moro.

"Dentre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, denota-se a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente", afirma a PF.