Em delação, Emílio Odebrecht relata pressão por MP e negociações com governos há 30 anos
Em sua delação premiada, o empresário Emílio Odebrecht relatou encontros com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem era o interlocutor na construtora. Um dos encontros foi para pressionar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega pela liberação da chamada "MP do Refis" em 2009, relacionada a questões tributárias, a pedido de seu filho, Marcelo Odebrecht.
Na gravação, realizada em 13 de dezembro de 2016, Emílio diz ainda que "o que nós temos no Brasil não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Estamos falando de 30 anos". "Tudo o que estava acontecendo era um negócio institucionalizado, era uma coisa normal." Segundo ele, a briga dos partidos não era por cargos, mas por orçamentos "gordos". "Os partidos colocavam seus mandatários com a finalidade de arrecadar recursos para o partido, para os políticos, e isso se faz há 30 anos", afirmou.
As informações fornecidas pelo executivo foram divulgadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quarta-feira (12).
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Emílio disse ainda que, mesmo depois de deixar o comando da empresa, ele seguiu como interlocutor direto com outras autoridades além de Lula, como o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, Antônio Carlos Magalhães e o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Segundo ele, não foi preciso passar ao filho o contato com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Já não precisava porque até lá eu era o executivo. Estas pessoas que eu não tive a oportunidade de transferir essa relação foi por diversas razões: uns não aceitavam, outros pelo convívio de 35 anos... Não quiseram".
Em relação ao pedido de Marcelo para destravar a MP do Refis, Emílio relatou que foi até o ex-presidente Lula pedir para que ele verificasse o motivo pelo qual Mantega "estava botando dificuldades para resolver o assunto, se ele estava precisando de coragem ou alguma coisa que pudéssemos suprir ou o próprio governo".
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