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Ter sido citado por delator foi "desagradável" e "constrangedor", diz Temer

Do UOL, em São Paulo

15/04/2017 21h47Atualizada em 16/04/2017 16h10

O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou neste sábado (15) que achou "desagradável" e "muito constrangedor" ter sido citado por um ex-executivo da Odebrecht nas delações firmadas com a PGR (Procuradoria Geral da República) e das quais o sigilo foi levantado, esta semana, pelo relator dos processos da operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Edson Fachin.

Temer foi citado por dois delatores, Rogério Santos de Araújo, responsável pelo lobby da Odebrecht na Petrobras, e Márcio Faria, ex-presidente da Odebrecht Industrial. Os executivos afirmaram que o peemedebista foi o responsável por chancelar, em julho de 2010, acerto para que a empreiteira destinasse US$ 40 milhões de propina a integrantes do PMDB. Segundo o delator, Temer "assentiu" e deu a "bênção" aos termos do acordo previamente tratados por executivos da empreiteira com o então deputado Eduardo Cunha (PMDB) e o lobista do PMDB João Augusto Henriques.

"É uma coisa desagradável para quem está na vida pública há tanto tempo, graças a Deus sem manchas. É muito desagradável ouvir aquele depoimento. É constrangedor", afirmou Temer em entrevista à Band. "Foi uma coisa que me caceteou muito", analisou, lembrando ter “250 mil livros de direito constitucional” publicados, “20 mil ou 30 mil alunos”, e citando já ter sido secretário de Segurança Pública e procurador-geral do Estado em São Paulo, durante a vida pública.

“As pessoas que me conhecem sabem quem eu sou”, definiu.

Em pouco mais de uma hora de entrevista, Temer admitiu, mais uma vez, ter participado da reunião, em seu escritório político em São Paulo, mas negou que tenha mencionado valores. "Não sabia de valores; não se falou de contratos, evidentemente, e de nenhum tema escuso. Não tratamos de valores, nada disso", afirmou.