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Gilmar Mendes suspende interrogatório de Aécio em inquérito sobre Furnas

Armando Franca/AP
Imagem: Armando Franca/AP

Do UOL, em São Paulo

26/04/2017 11h51Atualizada em 19/10/2017 18h33

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes suspendeu o interrogatório do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na ação, formulada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), em que se investiga corrupção em Furnas.

Aécio, que é suspeito de cometer os crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro, falaria à Polícia Federal. Não há data marcada para o depoimento.

Segundo a defesa do senador e presidente nacional do PSDB, o acesso a depoimentos colhidos na investigação foi negado sob o argumento de que representariam diligência em andamento.

“É direito do investigado tomar conhecimento dos depoimentos já colhidos no curso do inquérito, os quais devem ser imediatamente entranhados aos autos”, argumentou Mendes em decisão tomada na noite de terça-feira (25).

Em nota, o advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, disse que o depoimento foi apenas "remarcado". "O depoimento do senador Aécio Neves não foi cancelado, apenas remarcado para a próxima semana para que possamos ter acesso à íntegra dos documentos que fazem parte do inquérito, como determina a lei e, em especial, a súmula 14 do Supremo Tribunal Federal. Desde o ano passado, o senador tem se colocado à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários a provar a absoluta correção de todos os seu atos".

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Furnas

As primeiras denúncias sobre corrupção em Furnas surgiram na CPI Mista dos Correios, em 2005, por meio do ex-deputado e delator do Mensalão Roberto Jefferson (PTB). Janot pretende esclarecer a versão apresentada pelo delator e lobista Fernando Horneaux de Moura, que disse ter sido informado pelo ex-ministro José Dirceu, em 2003, do pedido de Aécio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que Dimas Fabiano Toledo (ex-diretor de Engenharia da estatal) fosse mantido no cargo de diretor.

Moura teria participado das discussões com o ex-ministro da Casa Civil e Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, sobre o loteamento de cargos, incluindo as diretorias de estatais, como a Petrobras. Segundo Moura, Toledo foi comunicado da permanência no cargo, em 2003. Toledo então teria definido a partilha da propina: um terço para o PT nacional, um terço para o PT paulista e um terço para Aécio. O ex-diretor e Aécio rechaçam a versão. Em acareação, Moura manteve seu depoimento, e Toledo o acusa de "mentiroso".

Em dezembro passado, o tucano depôs à PF em outro inquérito, no qual é investigado por supostamente atuar para "maquiar" dados da CPI que poderiam implicar tucanos. De todos os envolvidos no episódio, Dirceu, Pereira e Moura já foram denunciados na Lava Jato.

O inquérito contra Aécio foi aberto com base na delação do ex-senador Delcídio do Amaral. Ele afirmou que, "sem dúvida", o tucano teria recebido propina. O doleiro Alberto Youssef mencionou em sua delação premiada que Aécio dividia a diretoria de Furnas com o PP e teria recebido propina de cerca de R$ 4 milhões. Seu depoimento foi tomado em 2015, mas, na época, Janot considerou a versão baseada apenas no que ele teria ouvido dizer e arquivou a investigação contra o tucano. Posteriormente, o caso foi reaberto.

Nesse último requerimento, Janot escreveu que o inquérito apura influência do PSDB "na direção da empresa Furnas, juntamente com o Partido Progressista, no âmbito da qual recai a suspeita de pagamento de vantagens indevidas por empresas contratadas, a revelar possível participação de Aécio Neves em esquema de corrupção".

(Com Estadão Conteúdo)

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