De vítima a mártir: os muitos papéis de Lula no depoimento à Lava Jato
O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz federal Sergio Moro, nesta quarta-feira (10), não teve o tom de enfrentamento que muitos esperavam. O blogueiro do UOL Josias de Souza e a fonoaudióloga Cláudia Cotes analisam a estratégia da defesa adotada na 13ª Vara Federal de Curitiba. “Lula tenta reescrever o verbete da enciclopédia. Ele não quer passar por corrupto, por isso faz pose de mártir”, resume o blogueiro.
Lula depôs por quase cinco horas e negou as acusações. O depoimento está ligado à denúncia de recebimento de propina da empreiteira OAS por meio da reserva e reforma de um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, no litoral de São Paulo. Foi o primeiro depoimento presencial de Lula na Justiça Federal do Paraná, em um dos processos nos quais é réu na Operação Lava Jato.
Moro abriu um prazo de cinco dias para que acusação e defesa peçam novas diligências ou interrogatórios. Esta fase da ação penal, chamada de instrução complementar, está prevista pelo artigo 402 do Código Processo Penal: "Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução".
A força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal pediu a Moro para que sejam ouvidas mais três testemunhas de acusação antes da próxima etapa do processo, a fase de alegações finais, que antecede a fase de sentença. "A análise do conteúdo de referidos depoimentos demonstrou que se faz de suma importância a oitiva das pessoas supramencionadas", completa o MPF.
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