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Operação ligada à Lava Jato tem Cunha e Furnas como alvos

REUTERS/Rodolfo Buhrer
Imagem: REUTERS/Rodolfo Buhrer

Do UOL, em São Paulo

08/06/2017 06h48Atualizada em 08/06/2017 13h00

Policiais civis do Rio de Janeiro e de São Paulo realizam uma operação de apoio à Lava Jato na manhã desta quinta-feira (8). A ação, batizada de "Barão de Gatuno", é comandada pela Polícia Civil fluminense.

Baseada em delação do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), a operação mira esquemas envolvendo Furnas e o ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Delcídio havia denunciado um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a empresa.

A investigação da Delegacia Fazendária do Rio mostrou indícios de corrupção em contratos firmados por Furnas, mais precisamente na compra de ações da Hidrelétrica Serra do Facão, em Goiás. Cunha seria o responsável pelo esquema.

Em 2007 e 2008, Cunha foi relator de medidas provisórias que alteraram a legislação do setor energético. Elas permitiram que Furnas, que tinha uma das diretorias ocupadas por um indicado de Cunha, comprasse ações de uma sócia da empresa em um consórcio para a construção da usina em Goiás.

A CGU (Controladoria Geral da União), em auditoria, apurou vantagens para Furnas que não eram verificadas normalmente em negócios no setor privado.

8.jun.2017 - Agentes da Polícia Civil cumprem mandados de busca e apreensão na sede de Furnas, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira - Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo - Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo
8.jun.2017 - Agentes da Polícia Civil cumprem mandados de busca e apreensão na sede de Furnas, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira
Imagem: Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo

Estão sendo cumpridos ao menos 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e outros oito em São Paulo.

Os mandados foram expedidos pela Justiça fluminense e estão sendo cumpridos pela Delegacia Fazendária, responsável pela investigação do esquema. A ação conta com o apoio de 15 delegacias e da Coordenadoria de Combate à Corrupção do Laboratório de Tecnologia e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Rio.

Em nota, o MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro disse que a operação "está em fase investigação", mas confirma que atuou no caso por meio do Gaecc (Grupo de Atuação Especializado no Combate à Corrupção.

Os investigadores não passam mais detalhes sobre a operação "para não causar prejuízo à apuração dos fatos", segundo o MP, que lembra que a Justiça Estadual decretou sigilo nos autos.

De acordo com o MP, o nome da operação, "Barão de Gatuno", "refere-se ao termo usado no século 19 para quem enriquecia de forma irregular, a partir do envolvimento com agentes públicos". 

Policiais civis do Rio cumpriram mandados de busca e apreensão na sede de Furnas na capital fluminense. Em São Paulo, equipes da Polícia Civil estiveram na região da avenida 9 de Julho, no centro da capital paulista.

Na capital paulista, ao menos 24 policiais participaram da operação, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo.

Em nota, Furnas disse que "colabora com as investigações e identificação dos documentos solicitados pelos policiais, e reforça que é a principal interessada na elucidação dos fatos".

Procurada pelo UOL, a defesa de Eduardo Cunha ainda não se pronunciou a respeito da operação.

Em comunicado, a Eletrobras, uma das controladoras de Furnas, disse que já havia contratado o escritório Hogan Lovells US LLP para promover uma investigação interna. “[Ela] continua realizando procedimentos adicionais com o intuito de melhorar os controles internos das empresas Eletrobras e verificar e acessar qualquer informação adicional que venha a ser divulgada como parte ou em razão dos desdobramentos da Lava Jato”.

(Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)