Parte das perguntas a Temer serão usadas em depoimento de Cunha em Curitiba
O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) irá responder "na medida do possível" às perguntas formuladas pela Polícia Federal em inquérito que investiga se o presidente Michel Temer (PMDB) cometeu crimes corrupção, obstrução de justiça e organização criminosa, informou um de seus advogados.
Entre as perguntas que o delegado Maurício Moscardi Grillo --o mesmo que conduz o inquérito da operação Carne Fraca-- irá ler, estão algumas das 82 preparadas pela Polícia Federal para Temer. Moscardi não é o responsável por este inquérito, mas apenas recebeu a missão de apresentar a Cunha as perguntas elaboradas em Brasília.
Cunha chegou à superintendência da Polícia Federal nesta quarta-feira (14), em Curitiba, por volta das 10h, trazido do Complexo Médico Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, onde está preso preventivamente desde o ano passado. Seus advogados --Ticiano Figueiredo, de Brasília, e Rodrigo Sánchez Rios, de Curitiba-- só chegariam mais de meia hora depois, e separados. Ele está sendo ouvido como testemunha no processo.
O inquérito contra Temer foi autorizado pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal) após as delações premiadas da JBS.
A defesa de Cunha havia pedido ao STF para ter acesso a todo o inquérito antes de o deputado cassado falar à PF. Como o ministro Fachin não se manifestou sobre o pedido, os advogados iriam orientar que Cunha respondesse apenas a perguntas que tratassem de temas de que eles já têm conhecimento.
A PGR (Procuradoria-Geral da República), que pediu a abertura da investigação, afirma que o diálogo mostra que Temer teria dado autorização para que Joesley comprasse o silêncio de Eduardo Cunha, para que o ex-deputado não fechasse um acordo de delação premiada.
Temer tem rejeitado essa interpretação do diálogo e diz que o áudio apresentado por Joesley é “fraudulento”.
O presidente também afirma não ter se envolvido em irregularidades e ter pressa para o desfecho da investigação, para que os fatos sejam esclarecidos.
Fachin chegou a determinar a prisão preventiva de Cunha no inquérito contra Temer. Mas o deputado já estava preso, por ordem do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na 1ª instância do Judiciário.
Cunha foi condenado a 15 anos de prisão por Moro por participação no esquema de corrupção na Petrobras.
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