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Em evento em MG, Lula critica Bolsonaro e diz que PT vive "provação" enviada por Deus

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

10/07/2017 23h07Atualizada em 10/07/2017 23h48

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta segunda-feira (10) do lançamento da segunda fase do Memorial da Democracia, do Instituto Lula, em Belo Horizonte. Em seu discurso, o petista fez uma forte defesa da democracia, disse que o PT vive uma “provação” enviada por Deus e criticou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), a quem chamou de "resultado da política de ódio despejada pela Globo na política".

Lula voltou a ironizar o fato de ser réu em cinco processos – "eu provei minha inocência, quero ver eles provarem a minha culpa" – e lamentou o excesso de denúncias e acusações aos quais ele, o Instituto Lula e o PT estão expostos.

"Um dia é Ministério Público, um dia é Polícia Federal. Não adianta ficar magoado, reclamando. Acho que é uma provação. Deus quer, vamos passar por isso", disse o petista.

"Eles (MP e PF) acham que é crime o Paulo (Okamoto, presidente do Instituto Lula) ter pago um carro de segurança pra mim. Aí, vão em cima do Paulo, como se ele tivesse dado um golpe de R$ 50 milhões", afirmou Lula, para risos e aplausos da plateia. "É assim que a gente está vivendo hoje".

O petista também voltou a criticar a Rede Globo, alvo de seu discurso na semana passada, durante a posse da senadora Gleisi Hoffmann (PR) como presidente do PT. E emendou disparos ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

“Falar em democracia nesse instante é muito importante e necessário. É quase como o ar que a gente respira. Porque na medida em que a gente se cala, na medida em que a gente aceita as mentiras que são contadas todo dia, eles vão ocupando espaço e vão negando a política, e vão negando os partidos, e vão negando o movimento sindical, e vão negando as reivindicações, e vão ocupando espaço”, discursou Lula.

“Daqui a pouco, a gente começa a achar normal o mundo ser assim. E de repente a gente vê começar a surgir um tipo igual ao Bolsonaro. Ele não é resultado de mérito algum, ele é resultado do ódio despejado pela Rede Globo de Televisão na política brasileira”, completou o ex-presidente.

Em pesquisa Datafolha divulgada no dia 26 de junho, Lula liderava as intenções de voto para presidente em 2018 em todos os cenários. Bolsonaro, por sua vez, aparecia sempre disputando o segundo lugar com nomes como Marina Silva (Rede) e Joaquim Barbosa (sem partido), a mais de dez pontos percentuais do petista. Na simulação de segundo turno, Lula vencia Bolsonaro por 45% a 32% das intenções de voto.

O Memorial da Democracia é um museu virtual elaborado pelo Instituto Lula em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Além de Lula e Paulo Okamoto, participaram do evento desta segunda-feira no Palácio das Artes lideranças locais e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). O mandatário do Estado, aliás, fez as vezes de cabo eleitoral para Lula.

"Em toda parte de Minas que percorro, a frase é uma só: é Lula de novo com a força do povo", bradou Pimentel.

Durante o evento, cerca de cem manifestantes contrários ao PT fizeram um protesto contra Lula em frente ao Palácio da Artes, na área central da capital mineira. O grupo portava cartazes pedindo a prisão do petista.

Coordenadora do movimento Mulheres da Inconfidência, Marcela Valente chamou de palanque eleitoral o evento organizado com apoio do governo: "Lula tinha que estar na cadeia, não aqui fazendo campanha”, opinou.