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Após condenação, deputados do PT e do PCdoB dizem que não há provas; veja reações

Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

12/07/2017 14h38Atualizada em 12/07/2017 20h40

A senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a condenação foi “eminentemente política” e “sem provas”. Para ela, a Operação Lava Jato, da qual Sergio Moro participa como juiz, quer criminalizar Lula para impedir que dispute as eleições presidenciais de 2018.

“O PT e outros partidos vão protestar internacionalmente. [A sentença] é um acinte à democracia. O Tribunal Regional Federal, se tiver o mesmo entendimento do Vaccari [Cândido Vaccari, ex-tesoureiro do PT] vai reverter a decisão”, afirmou.

Já o senador licenciado do PSDB, José Aníbal, escreveu numa rede social que o ex-presidente teve a sua primeira sentença, "mas, antes, ele e o petismo sentenciaram milhões de brasileiros ao desemprego e desesperança: quebraram o país”.

O tucano continuou: “Foi tão generalizada e monumental a roubalheira do lulo-petismo na Petrobras que, depois de um ano de recuperação, a empresa ainda deve US$ 118 bilhões”, disse. Segundo Aníbal, Lula liderou a corrupção que quase quebrou a Petrobras. “O Rio perdeu bilhões em desemprego, tributos e investimentos”, escreveu.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini (SP), afirmou que não há provas contra o presidente, mas que mesmo assim a condenação pelo juiz Sergio Moro já era esperada.

A condenação do petista pelo juiz federal de Curitiba foi divulgada nesta quarta-feira (12). Segundo a sentença, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, envolvendo o caso do tríplex no Guarujá (litoral sul de São Paulo).

“Meses de investigação e não encontraram uma única prova que mostrasse que o presidente Lula era dono daquele tríplex, nem que usou aquele tríplex. Mas mesmo assim o juiz Sergio Moro condenou o presidente Lula. Por quê? Porque ele não poderia fazer diferente. Ele fez a investigação, fez a denúncia e fez a condenação”, disse o líder petista.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou numa rede social que “a Justiça foi feita”. “O maior cara de pau do Brasil foi condenado a 9 anos e meio de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro”, escreveu.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a condenação contra Lula deverá ser revertida em recurso à segunda instância da Justiça Federal, e que o presidente será novamente eleito.

“[Quero] me solidarizar com profundo respeito e admiração ao presidente Lula. Acho que aqui falo em nome do povo brasileiro que o admira e respeita como o maior líder popular da história desse país”, disse Feghali.

“Essa condenação certamente será revertida porque é uma condenação sem qualquer provas. As condenações baseadas em ilações e convicções não convencem nem a sociedade brasileira e nem a nós. Então todo respeito ao presidente Lula, que voltará sim, eleito pelo povo nas urnas desse país”, afirmou a deputada do PCdoB.

Em nota, o senador José Pimentel (PT-CE) afirmou que a condenação do ex-presidente é “um atentado aos princípios fundamentais do direito”. “A ausência de provas contra Lula é gritante e foi confirmada pelos procuradores de Curitiba em suas alegações finais, mesmo após uma devassa em sua vida e de sua família. Lula é inocente e eu espero que essa decisão seja anulada pela segunda instância”, afirmou.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o juiz Sergio Moro pela decisão. Ele disse que o magistrado é um “juiz fora da lei” e que segue o calendário político do golpe, com a sentença um dia aprovação da reforma trabalhista no Senado. “É um escândalo querer condenar uma liderança internacional como Lula sem a apresentação de provas. Com a sua sentença cínica, Moro colabora com a mídia e arruma assunto para que a reforma trabalhista e Temer desapareçam do noticiário”, afirmou.

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou numa rede social que a Justiça está sendo feita. “Justiça sendo feita contra um criminoso que tantos prejuízos trouxe ao Brasil com seu projeto de poder”, escreveu.

Já o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) se solidarizou com o ex-presidente e disse que Lula será julgado e absolvido em tribunais superiores “por absoluta falta de provas da acusação.”

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) também comentou a decisão de Moro numa rede social: “Lula condenado, Aécio liberado, Temer protegido, soberania fulminada, trabalhador escravizado, mercado triunfante, até que o Brasil se levante.”

O senador lembrou que a condenação foi divulgada um dia após o “fim da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e escreveu: “desviar do que importa”. “Justiça todos queremos, mas a justiça seletiva está a serviço de interesses que não são os do Brasil”, escreveu o peemedebista.

O senador Jorge Viana (PT-AC) afirmou que Lula foi o presidente que mais fez pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pelo país, mas que em troca recebe das mesmas instituições uma “condenação sem provas”. “A sentença vai dividir ainda mais o país, vai nos colocar mais fundo nesse poço que parece que não tem fim”, disse, durante a sabatina da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que acontece na tarde desta quarta (12) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.

O petista também criticou os procuradores da Operação Lava Jato ao se referir à apresentação de PowerPoint feita durante o processo. “Membros do MP falaram em um PowerPoint que não precisa provas para condenar o maior líder popular do país. Basta as convicções que eles têm. Eu respeito muito o representante dos membros do MP, mas que não pode assumir esse protagonismo de ir para a televisão pedir movimento popular contra os políticos desse país, contra as instituições. Quem vai dizer que isso destrói a relação entre os poderes?”, indagou o senador.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) escreveu numa rede social que Lula foi condenado sem provas e que Sergio Moro escolheu o dia para divulgar a sentença contra o ex-presidente. “Moro escolheu dia em que CCJ inicia debate sobre denúncia de corrupção contra Temer para condenar Lula sem provas! Desfaçatez”, afirmou.

A petista também criticou o juiz federal de Curitiba. “Quem já não sabia que Moro daria sentença para condenar Lula? Ele nunca disfarçou sua atuação. Mas o que está em questão na Câmara é Temer. Não fujam. Repito: sentença hoje contra Lula é parte de movimento político em apoio aos que governam denunciados por corrupção”, afirmou Maria do Rosário.

Já a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também fez a relação da divulgação da sentença com a aprovação da reforma trabalhista no Senado e disse que a condenação “sem provas” é para tirar o foco da cassação do presidente Michel Temer.

“Ontem [terça, 11], o Senado acabou com os direitos trabalhistas do povo e hoje [quarta, 12] o parcial Moro condena Lula (esperança de dias melhores para o país). Vamos às ruas! A forte relação do Moro com o PSDB destruiu a credibilidade e a imparcialidade do seu trabalho”, escreveu.

O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, afirmou numa rede social que o juiz Sergio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "sem nenhuma prova".

"Desde o princípio [Sergio Moro] agiu como promotor de toga e tornou o processo um julgamento político. Inaceitável!", escreveu Boulos.