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Eike diz ser "difícil dizer não" a Cabral e indica desejo de "colaborar com a Justiça"

31.jul.2017 - Eike Batista compareceu à 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio - Fabio Guimaraes/Extra/Agência O Globo
31.jul.2017 - Eike Batista compareceu à 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio Imagem: Fabio Guimaraes/Extra/Agência O Globo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

31/07/2017 14h40Atualizada em 31/07/2017 20h07

O empresário Eike Batista se manteve em silêncio durante a maior parte do depoimento ao juiz Marcelo Bretas, realizado nesta segunda-feira (31) na sede da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro, na região central. Ele está preso preventivamente desde janeiro, quando foi deflagrada a operação Eficiência, um desdobramento da Calicute, braço da Lava Jato que investiga crimes de lavagem de dinheiro para ocultar US$ 100 milhões.

Questionado sobre sua relação com o ex-governador do Estado Sérgio Cabral (PMDB) e suposto pagamento de propina, Eike --que negocia um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República)--,disse que queria “colaborar com a Justiça”, mas que iria se manter em silêncio sobre o assunto por orientação de sua defesa.

Bretas o questionou sobre o grau de intimidade com o ex-governador, a quem chegou a emprestar seus aviões ao menos 13 vezes. O empresário disse ter três aeronaves e receber muitos pedidos. “É difícil você dizer não ao governador de usar o seu maquinário”, afirmou ele, antes de ser interrompido por um dos seus advogados sobre a orientação de permanecer em silêncio.

Eike é acusado de pagar US$ 16,5 milhões em propina para Cabral para conseguir vantagens para seus negócios no Rio. Além disso, teria simulado a prestação de serviços do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador.

O empresário também é suspeito de tentar atrapalhar as investigações ao realizar reunião para "combinar versões" com seus defensores e com um assessor, Flávio Godinho, também preso na Operação Eficiência. Os advogados de Eike alegam, no entanto, que as reuniões serviam para "traçar estratégia de defesa".

Godinho foi solto no começo de abril, beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Na ocasião, o ministro negou o pedido de liberdade do empresário, dizendo que as situações eram diferentes. No fim de abril, o empresário foi transferido para prisão domiciliar.

Eike também negou ter deixado o país após receber informações privilegiadas sobre a sua prisão. "Sempre viajo da maneira que viajei, alguns dias antes do que a minha família."

Depoimentos de Godinho e Adriana Ancelmo

Na sequência, foi ouvido Godinho, que também afirmou que não iria responder aos questionamentos por orientação de seus advogados.

"Deixa eu ver se há algo que eu possa perguntar que você vá responder", disse o juiz. "Seu time de futebol?" "Sou Flamengo", respondeu Godinho, que é ex-vice-presidente de Futebol do clube. "Então fechamos."

Também envolvida na Eficiência, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo disse ter relação exclusivamente institucional com Eike e afirmou não saber por que e quais valores seu escritório recebeu do empresário.

“Eu não sei exatamente qual o trabalho realizado [pelo meu escritório para as empresas de Eike], uma vez que o meu sócio Sérgio Coelho ficou à frente das três demandas que surgiram envolvendo a REX [empresa de Eike].”

Em depoimento de 20 minutos, Adriana disse ainda que conheceu Godinho na prisão, ao visitar Cabral, e que nunca tratou de nenhum valor com ele, Eike ou qualquer outro empresário do grupo.

Cabral e MPF batem boca em depoimento

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