Em caravana, aliados conclamam militância a não aceitar Lula fora de eleição em 2018
Em meio a caravana que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz pelo Nordeste, aliados têm usado os discursos a grandes públicos na região para instigar a militância e simpatizantes a não aceitarem uma eventual proibição da candidatura do ex-presidente.
Nos três primeiros dias de caravana petista pela Bahia, apesar das frequentes críticas ao governo e dos gritos sempre puxados pelo público de "fora, Temer", o discurso padrão não prega mais a saída do atual presidente. O lema "diretas já" ficou para trás após o julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a condenação de nove anos e seis meses de prisão de Lula pelo juiz Sergio Moro.
O lema agora disseminado é "eleição 2018 sem Lula é fraude".
Na sexta-feira (18), durante ato improvisado na porta da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano), o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, deixou claro que essa é a principal estratégia para os próximos meses.
"Se não mantermos as bandeiras vivas, a gente não consegue levantar a principal bandeira, que queria eleger com vocês aqui; a nossa principal bandeira é: não tem eleição sem Lula candidato. A palavra de ordem é: 'sem Lula, eleição é fraude.' E,companheirada, vamos levar isso como mantra, trazer nosso no coração e dizer a quatro pontos nesse pais sem lei", discursou.
O lema também já contagiou muitos militantes petistas, que produziram cartazes com a exata frase: "eleição sem Lula é fraude" e as levaram às ruas e aos atos.
Nesse sábado (19), foi a vez do ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff e atual secretário do Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jaques Wagner. Em discurso a trabalhadores rurais de toda a Bahia, em uma casa de shows em Feira de Santana, ele pediu que todos se mobilizassem, e que a luta agora seria para garantir a candidatura de Lula em 2018. "Precisamos nos mobilizar e garantir a candidatura em nome da democracia", afirmou.
Em entrevista ao UOL ainda na quinta-feira (17), Wagner disse, curto e grosso, que não existe plano B para o PT em 2018: há apenas a opção de Lula. Por isso, o partido parece usar todas as forças que tem para garantir o ex-presidente candidato.
Lula não cita lema
O ex-presidente Lula não tem puxado o coro de que eleição sem a participação dele é fraude. Aliás, sequer admite ser candidato e vem frisando sempre que ainda falta muito tempo para as eleições.
Na quinta-feira (17), chegou a dizer que "vocês sabem que ainda falta muito tempo", e que ainda "não existe candidato" para 2018. No mesmo discurso, porém, disse, apesar de ter 71 anos, "tem a disposição de um jovem de 30."
Na sexta-feira, em entrevista à rádio Metrópole, em Salvador, admitiu até a hipótese de não ser candidato, será mas que aí seria o "cabo eleitoral mais valioso desse país".
O deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA) é uma das poucas vozes da caravana que ainda pregam que as eleições deveriam antecipadas.
"A eleição sem Lula é uma fraude, claro, mas agora o anseio deste momento é ter eleições diretas no país. O que acontece hoje só as urnas dará legitimidade às mudanças que o Brasil precisa. Não para esperar 2018, até lá ele [o presidente Michel Temer] já acabou o país", afirmou.
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