Topo

Lula se compara a Messi e CR7 ao criticar Doria: "faz tipo como se fosse um cara de novela"

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Salvador

18/08/2017 11h23Atualizada em 18/08/2017 12h40

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), “faz tipo, como se fosse um cara de novela" e se comparou aos astros do Barcelona e do Real Madris, Leonel Messi e Cristiano Ronaldo, respectivamente.

"Ele tem um papel a seguir. O papel dele é o seguinte: eu vou atacar o Messi ou Mascherano no Barcelona? Vai no Messi! Vou atacar o Sergio Ramos ou Cristiano Ronaldo no Real Madrid? Ele pega a pesquisa --e é isso que deixa essas pessoas loucas. Eu estou apanhando quem nem cachorro vira-lata, e quando esses caras têm uma pesquisa, eu estou na frente na espontânea, na estimulada, ganho no primeiro, ganho segundo turno, ganho de todos juntos", disse Lula em entrevista nesta sexta-feira (18) à rádio Metrópole, em Salvador.

Lula iniciou nesta quinta (17) visita a 25 municípios nos nove Estados do Nordeste, num evento batizado de “Caravana da Esperança”. Doria também tem participado de eventos no Nordeste e atacado o petista.

Para Lula, é preciso que Doria mostre serviço como gestor público antes de cogitar uma candidatura à Presidência. O tucano é cotado por políticos como opção do PSDB para concorrer ao Planalto.

"Esse homem saiu do nada para ser presidente da Embratur, depois teve um programa de TV, não sei qual canal porque não assistia, e virou empresário. O maior prazer que teria é se ele cumprisse tudo com São Paulo que ele falou. Só isso! Ele tem primeiro que provar. Uma coisa é dizer sou gestor de uma empresa, outra coisa é gerir uma cidade, um país", afirmou.

A reportagem do UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo, pedindo uma posição de Doria sobre as declarações do petista. Ainda não houve resposta.

Dilma errou indicação à Fazenda

O ex-presidente também afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) errou ao não ao indicar o nome de Henrique Meireles como ministro da Fazenda em 2015. À época, Dilma indicou Joaquim Levy. Meirelles assumiu a pasta no governo de Michel Temer (PMDB).

"Meireles é um homem de mercado, e quando aceitou ser meu presidente do Banco Central, ele tinha sido o deputado federal mais votado do PSDB de Goiás. E eu convenci, aliás, foi o Aloísio Mercadante e o [Antônio] Palloci em Nova York, e devo muito a ele pela lealdade. E eu dizia para Dilma que o Meirelles precisava de orientação. Se der, ele vai cumprir. Ele tinha confiança de mercado e tinha saído testado e aprovado do meu governo. Mas não sei porque ela escolheu Levi".

Lula ainda tentou explicar o motivo dos resultados ruins da economia a partir de 2015 e que culminaram com a saída da Dilma do poder.

"Para que a Dilma continuasse pagando todos os benefícios, pagasse o 'Minha Casa, Minha Vida', o fez? Para garantir a economia, fez muita desoneração, foram R$ 547 [bilhões] ou R$ 528 bilhões. Foi dinheiro que deixou de arrecadar, que ficou na mão do empresariado, e ninguém agradece. E quando a Dilma percebeu estava saindo mais dinheiro que entrando, que ela fez? Preparou uma reforma e mandou para o Congresso, e o Eduardo Cunha não deixou votar", disse.

O ex-presidente ainda citou o caso do governo Fernando Henrique Cardoso, que teve reformas votadas pelo Congresso.

"O FHC quando era presidente fez uma proposta de ajuste, e o Temer era presidente da Câmara, e o que ele fez? Colocou para votar, e o Cunha não botou. Não deu para Dilma fazer o ajuste necessário, e essa é a razão pelo qual a coisa desandou", explicou.

Questionado se não se arrependia de ter indicado Dilma candidata em 2014, disse que não. E ainda admitiu que setores do PT o pressionaram para que fosse candidato no lugar dela.

"A Dilma não pediu para ser candidata, eu que indiquei. Se ela tivesse me procurado, dito que não queria, que eu poderia ser, aí era história. Mas, como ela não falou, entendi que ela seria candidata à reeleição e caberia a mim ajudar", afirmou.

Lula ainda afirmou que o primeiro governo de Dilma foi bom e terminou com bons índices. "Temos de separar a relação política da Dilma do trabalho gerencial. Em dezembro de 2014, depois da Dilma ter ganho, o Brasil tinha 4,5% de desemprego, o menor da história. É padrão Suíça, Suécia, Dinamarca", disse.

Ele disse que a viagem não é campanha e que vai ouvir as pessoas. "Vou tentar falar menos e escutar mais para poder aprender e elaborar propostas para o povo brasileiro."

O ex-presidente Lula ainda voltou a atacar a Operação Lava Jato e o andamento das investigações.

"Eu estou compreendendo hoje, mais tranquilo, que a força-tarefa está se transformando em partido político, são responsáveis por subsidiar todos os dias setores da imprensa. Hoje a grade da Lava Jato da Globo é tão importante como a grade da novela. Eles vão ter que se explicar na sociedade. Vai ser esse ano, daqui a três, não sei. Quero estar vivo para ver eles explicarem essa sacanagem comigo", disse.

Ele disse que não se vê como investigado e julgado no processo e voltou a alegar inocência de casos como o tríplex e do sítio em Atibaia. "O que está em julgamento não é o Lula, é o meu governo", afirmou.

De olho no Planalto

Lula ainda disse que pretende ser candidato em 2018 e que isso põe medo nos adversários. "Se eu voltar em 2018 vou voltar mais forte, mais sabido. E eles sabem que tenho capacidade de conversar com trabalhadores, empresários e montar uma equipe para resolver o problema desse país", afirmou.

Questionado se teria um nome caso não possa ser candidato, despistou. "Aí volto a ser técnico: só na hora de entrar em campo que falo. Se eu for candidato, é para ganhar. Se não for candidato, serei o cabo eleitoral mais valioso desse país".