Após prisão na Lava Jato, Vaccarezza se afasta da direção paulista do PTdoB
Preso por cinco dias na Operação Lava Jato, o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza se afastou nesta quarta-feira (23) da Presidência do PTdoB no Estado de São Paulo.
Vaccarezza chegou à Câmara dos Deputados pelo PT e foi líder do partido nos governos Lula e Dilma, mas deixou a sigla e se filiou ao PTdoB no ano passado, após perder as eleições em 2014 .
O político foi detido na sexta-feira (18) acusado de receber US$ 438 mil (R$ 1,4 milhão em valores atuais) em propina por contratos entre uma empresa norte-americana e a Petrobras até 2011.
A prisão temporária (cinco dias) venceu nesta terça-feira (22), e o juiz Sergio Moro concedeu liberdade a ele, sob a alegação de que o ex-deputado faz exames para detecção de alteração na próstata.
Mesmo assim, Moro impôs pagamento de fiança de R$ 1,5 milhão em até dez dias, além da proibição de deixar o país, entregar o passaporte, se mudar sem autorização judicial e ter contato com outros investigados.
Vaccarezza é médico concursado da Prefeitura de São Paulo desde 2001 e atua numa unidade da Vila Prudente, na zona leste a cidade. Segundo a prefeitura, ele não receberá o salário correspondente aos dias não trabalhados. O salário bruto do profissional é de R$ 9.201,79.
Em nota, a direção nacional do PTdoB confirmou que recebeu o pedido de afastamento de Vaccarezza e informou que ele tem como base a sua necessidade de tratamento médico e também o seu interesse em se dedicar à sua defesa no inquérito da Lava Jato.
O partido informou ainda que os fatos apresentados pela operação teriam ocorridos antes de sua filiação no PTdoB. Atualmente, o partido tenta mudar o nome da sigla para Avante.
Prisão
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal tinham defendido a reversão da prisão temporária para preventiva (por prazo indeterminado) do político, mas o pedido foi negado pela Justiça.
Para isso, os investigadores apontaram “fartas evidências” de corrupção e lavagem de dinheiro praticadas por Vaccarezza. A defesa dele nega as acusações e afirma que tudo será esclarecido no decorrer do processo.
Segundo a Lava Jato, o ex-deputado agia em favor de empresas privadas e, em troca, recebia vantagens indevidas, “em verdadeira relação promíscua com operadores, funcionários e empresários.”
Para o Ministério Público Federal, o ex-deputado vinha se dedicando desde 2009 à prática de corrupção e lavagem de dinheiro.
As investigações sobre a relação de Vaccarezza com o esquema começaram após a delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
Segundo a Procuradoria, foi paga propina em cinco dos 12 contratos firmados entre 2010 e 2013, no valor de US$ 180 milhões (R$ 570 milhões nos valores atuais), entre a Petrobras e a empresa, para venda de asfalto.
Para a Polícia Federal, há a suspeita de que o ex-deputado tenha recebido mais valores indevidos, acima de R$ 3 milhões. Na casa dele, em São Paulo, foram apreendidos R$ 122 mil em dinheiro.
Mais provas teriam sido colhidas pelos investigadores durante a 1ª e a 16ª fase da Operação Lava Jato. Entre os citados na investigação estão Jorge e Bruno Luz, apontados como operadores do PMDB.
O ex-deputado anunciou seu desligamento do PT em 2016. Pelo partido, ele tentou se reeleger para a Câmara dos Deputados em 2014, mas não teve sucesso. Filiou-se ao PTdoB no ano passado, assumindo a direção do PTdoB de São Paulo.
A prisão de Vaccarezza foi feita na operação batizada de Abate, 44ª fase da Operação Lava Jato. A Abate foi realizada ao mesmo tempo em que a Operação Sem Fronteiras, a 43ª fase.
Ao todo, foram cumpridas 46 ordens judiciais distribuídas em 29 mandados de busca e apreensão, 11 mandados de condução coercitiva e 6 mandados de prisão temporária na capital paulista, em Santos, no litoral de SP, e na cidade do Rio de Janeiro.
Nos dois casos, as investigações apuram crimes de corrupção, desvio de verbas públicas e lavagem de ativos identificados em contratação de grandes empresas com a Petrobras.
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