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Redutos petistas de Minas Gerais marcam segunda caravana de Lula neste ano

Lula fala com a população durante caravana em São Domingos (SE) - Beto Macário - 21.ago.2017/UOL
Lula fala com a população durante caravana em São Domingos (SE) Imagem: Beto Macário - 21.ago.2017/UOL

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

22/10/2017 04h00

Líder em pesquisas de intenção de voto e réu em processos na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém o ritmo de pré-candidato e inicia nova caravana a partir de segunda-feira (23), desta vez em Minas Gerais.

Até o dia 30, o petista passará por 12 cidades nas quais, em sua maioria, o partido teve votações expressivas nas últimas disputas presidenciais, localizadas principalmente no norte e no nordeste do Estado. Segundo o secretário de comunicação do PT, Carlos Árabe, o desempenho eleitoral “não foi um critério decisivo” para a escolha da rota da caravana.

“O nível de mobilização com certeza pesou, mas o critério da votação não explica tudo”, disse ao UOL na noite de quarta-feira (18). “Pelo critério de votação, o Lula deveria passar pela Zona da Mata mineira [região de Juiz de Fora], onde ele sempre ganhou.”

De acordo com Árabe, a escolha das cidades foi feita com base no entendimento de uma “identidade regional” e para “refletir o objetivo de ter uma presença nacional”.

“A primeira escolha, Ipatinga, fica numa região que foi base social e política da fundação do PT”, declarou. “E daí ela [a caravana] segue, tem que encontrar uma linha geográfica. Não pode ser o Estado inteiro, seria inviável.”

Além de Ipatinga, a caravana lulista vai passar por Governador Valadares, Teófilo Otoni, Itaobim, Itinga, Araçuaí, Salinas, Montes Claros, Bocaiúva, Diamantina e Cordisburgo, com encerramento em Belo Horizonte.

Sem nostalgia

Apesar de reunir locais onde o PT conseguiu, em geral, grande apoio popular nas últimas eleições presidenciais, a rota da caravana também mostra que o partido já viveu dias melhores nestes mesmos lugares.

O exemplo mais dramático é o de Belo Horizonte, capital do Estado e lar de quase 2 milhões de eleitores. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 2006, Lula teve na cidade 63,18% dos votos válidos no segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB). Oito anos depois, Dilma Rousseff recebeu 35,71% e perdeu para Aécio Neves (PSDB) na capital mineira.

Mesmo em locais onde Dilma teve votação expressiva em 2014, a preferência por Lula foi maior. Em Montes Claros (262 mil eleitores), por exemplo, Dilma conseguiu 62% dos votos válidos no segundo turno de 2014; Lula obteve 73,45% em sua reeleição.

O texto no site do PT que anuncia a viagem de Lula por Minas diz que “mostrar o impacto gerado pelos programas sociais dos governos do PT é a tônica dos atos da caravana”, mas Árabe diz que o périplo do ex-presidente não tem como principal motivação despertar uma nostalgia popular em relação aos anos de poder petista.

“É um sentido que vai além de governo. Tem a memória, e ela aparece naturalmente. O que a gente viu no Nordeste foram pessoas falando a memória deles e, vice-versa, como está agora. Isso não precisa o partido dizer”, afirma.

Lula já passou por todos os Estados do Nordeste e, depois de Minas, deve fazer uma caravana no Rio Grande do Sul ainda este ano. O petista também já incluiu regiões da Grande São Paulo em seu itinerário. Árabe disse que o ex-presidente fará outras viagens por Minas, incluindo regiões como o Sul do Estado e o Triângulo Mineiro, ainda sem previsão de data.