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Câmara atinge quorum e deputados iniciam votação de denúncia contra Temer

Presidente Rodrigo Maia anunciou quorum às 17h01 - Fátima Meira/Estadão Conteúdo
Presidente Rodrigo Maia anunciou quorum às 17h01 Imagem: Fátima Meira/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim, Gustavo Maia, Paula Bianchi e Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

25/10/2017 17h05Atualizada em 25/10/2017 19h05

Com 343 deputados registrando presença no plenário às 17h01 desta quarta-feira (25), a Câmara alcançou o quorum necessário para dar início à votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). Pouco depois das 19h, presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu início à votação.  O governo conseguiu quorum apenas na segunda sessão, iniciada às 14h30.

Às 18h30, Maia (DEM-RJ), deu início à orientação das bancadas pelos partidos.

Orientaram "sim" ao relatório de Bonifácio de Andrada os líderes das bancadas do PMDB, PP, Avante, PSD, PR, DEM, PTB, Pros, PSL, PRB, Solidariedade, PSC e PEN, assim como da maioria e do governo.

Já os do PT, PSB, PDT, Podemos, PCdoB, PPS, PHS, PSOL, Rede e minoria recomendaram o voto "não". As bancadas do PSDB e PV foram liberadas para votar como quiserem.

Temer e dois de seus ministros, Moreira Franco e Eliseu Padilha, foram acusados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de pertencimento a organização criminosa. O presidente ainda foi denunciado por suspeita de crime de obstrução de justiça.

O momento em que o quorum para a realização da votação foi atingido foi comemorado com abraços e apertos de mão por deputados governistas no centro do plenário. Visivelmente desanimados, a maior parte dos oposicionistas que estavam no local permaneceu sentada e em silêncio, muitos deles olhando para o celular.

O líder da minoria, José Guimarães (PT-CE) subiu à tribuna minutos depois para fazer um discurso inflamado dizendo que "o governo não tem base política nenhuma na sociedade brasileira".

O deputado Carlos Zarattini, lider do PT, afirmou que, agora que o quorum foi atingido, a ideia é que todos os líderes falem a fim de atrasar ao máximo o horário da votação da denúncia. “Se for para votar, queremos que eles votem em horário nobre, com os trabalhadores assistindo”, declarou o petista.

Às 17h15, o quorum no plenário subiu para 400 deputados. Ao todo, 451 estavam na Câmara.

Pressão de Maia

O quorum só foi atingido depois que o presidente Rodrigo Maia fez um ultimato público aos deputados.

"Ou vem para o plenário ou a gente encerra a votação"

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"Não vou esperar quatro horas de novo", avisou ele, visivelmente irritado com a demora. "Está todo mundo demorando para dar quorum, e o que a gente está fazendo aqui é completamente desnecessário. Isso prejudica a Câmara dos Deputados. Ou os deputados vêm para o plenário, ou a gente encerra a votação. Quem quiser votar vem, quem não quiser votar, não vem. O que a gente não pode é ficar estendendo as coisas. Ou a gente começa ou não começa".

A demora de "quatro horas" à que Maia se referia dizia respeito à estratégia da oposição que conseguiu evitar que a votação fosse realizada ainda de manhã. A primeira sessão foi aberta às 9h20, mas cinco horas depois, havia 332 deputados no plenário, faltando 20 para atingir o número mínimo necessário de presença. A sessão, então, teve de ser encerrada. No plenário, os deputados acusavam a oposição de “covardia” por não comparecer à sessão e anunciavam minuto a minuto o número necessário de parlamentares para dar início a votação.

A estratégia da oposição era pedir que os deputados não comparecessem ao plenário e obrigar o adiamento da sessão, o que levaria a um desgaste político dos adversários.

25.out.2017 - Parlamentares da oposição protestam com cartazes de "Fora Temer" para impedir que o plenário tenha quórum para sessão de vai analisar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria- Geral da Presidência), no Salão Verde da Câmara dos Deputados - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
25.out.2017 - Parlamentares da oposição protestam para impedir que o plenário tenha quórum para sessão que analisa segunda denúncia contra Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), no Salão Verde da Câmara
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do lado de fora, oposicionistas chegaram a montar um “parlamento alternativo”, prometendo se revezar durante todo o dia em falas paralelas ao plenário. “Vamos trocar o plenário cinzento pelo salão verde, o verdadeiro plenário”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

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Em agosto, na votação da primeira denúncia contra Temer, a oposição adotou estratégia semelhante e também conseguiu atrasar em algumas horas a votação, mas o pleito ocorreu no final do dia e a denúncia foi rejeitada por 263 a 227 votos.

Para dar prosseguimento à segunda denúncia, a oposição precisa de pelo menos 342 votos. A base trabalha com a estimativa de que a peça será rejeitada por uma maioria entre 260 e 270 deputados.