PMs lançam bombas contra manifestantes na Alerj; após correria, ato é dispersado
Policiais militares do Rio de Janeiro lançaram na tarde desta sexta-feira (17) bombas de efeito moral e balas de borracha contra manifestantes que participavam de ato na Alerj (Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro). A ação dos PMs dispersou os manifestantes, que se concentravam em frente ao Palácio Tiradentes, sede do Legislativo fluminense, onde foi votada a revogação das prisões dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB.
O protesto ocorria em favor da manutenção da prisão dos três parlamentares, suspeitos de corrupção, lavagem e outros crimes apurados pela Operação Cadeia Velha, desdobramento da Operação Lava Jato.
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Ainda no início da tarde, a manifestação teve um primeiro momento de tumulto quando um policial civil que participava do ato lançou morteiros para o alto e hostilizou PMs que tentavam abordá-lo para procedimento de revista.
O policial, identificado como delegado Alexandre Neto, afirmou reconhecer que havia feito um sinal ofensivo para os policiais. De acordo com um dos PMs, o homem foi revistado porque teria colocado a mão na genitália, em ato hostil decorrente da aproximação dos policiais. Ele foi cercado, revistado e liberado na sequência.
Ainda de acordo com a PM, Neto teria mirado os morteiros em direção ao Palácio Tiradentes. O policial negou a versão e disse que estava lançando o explosivo para o alto. "É a polícia tomando conta de uma quadrilha. (...) Passeata sem barulho é procissão! Ele ficou me olhando, eu fiz um sinal para ele também."
Alguns minutos depois, o clima voltou a ficar tenso, quando policiais começaram a se movimentar pelas escadarias da Alerj. Um grupo de manifestantes se aproximou da grade colocada em frente ao palácio. Nesse momento, muitos começaram a colocar máscaras de gás e capacetes. Um homem no carro de som pediu calma aos manifestantes e conseguiu apaziguar a situação momentaneamente.
Gás e balas de borracha
Por volta das 17h15, manifestantes deram a volta no quarteirão da Alerj e tentaram invadir a sede do Legislativo por trás, mas foram reprimidos pela PM com bombas de gás e balas de borracha. Muitos trabalhadores que seguiam em direção às barcas foram obrigados a fugir correndo para deixar o local.
A cavalaria da Polícia Militar foi acionada e montou um cordão próximo ao portão traseiro da Alerj, onde as pessoas que participavam do ato se concentravam. Alguns jogaram pedras, garrafas e outros objetos contra a força policial.
Pouco depois, veículos da PM saíram pelas ruas do centro para dispersar as pessoas que participam do ato. Várias explosões eram ouvidas por volta das 17h24.
Um estudante de 20 anos foi atingido por uma bala de borracha na testa, logo acima do olho direito, durante a manifestação . Fernando Veiga Neves estava próximo às grades que separam os manifestantes do acesso à Alerj.
O estudante foi atendido por enfermeiros da Cruz Vermelha na esquina da Rua do Carmo com a Sete de Setembro, a cerca de 200 metros da Alerj. Ele sangrava e foi orientado pelos enfermeiros a procurar um hospital para fazer pontos no local onde foi atingido.
"Foi um ato covarde da Polícia Militar do Rio de Janeiro, da Tropa de Choque. Eles me atacaram, eles começaram. Jogaram gás de pimenta e lacrimogêneo na sua cara, sem discriminação. Fui até a frente da Alerj e me atacaram, levei um tiro de bala de borracha na testa", narrou o estudante. "Não era bala de borracha pequena, era bala de borracha calibre 12."
Um homem não identificado subiu na estátua de Tiradentes, em frente ao palácio de mesmo nome, e chegou a ameaçar se atirar do monumento repetindo a frase “eu não aguento mais”. Ele logo foi resgatado por homens vestidos com o uniforme do movimento S.O.S Bombeiros.
Galerias da Alerj liberadas
Por uma decisão liminar da 4ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cidadania da Capital, manifestantes puderam acompanhar a sessão na Alerj dentro do prédio, nas galerias do plenário. A ação civil pública foi ajuizada pelo MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio).
A sessão chegou a ser interrompida pelo deputado Flávio Serafini que reclamou que uma oficial de Justiça estava sendo proibida de entrar na Casa. Wagner Montes (PRB) determinou então que ela fosse liberada. "É um absurdo que uma oficial de Justiça esteja sendo barrada na porta da Alerj por seguranças e pela polícia."
* Com Estadão Conteúdo
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