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Huck diz que "nunca será político", mas admite: "não foi fácil" desistir de candidatura

27.nov.2017 - Luciano Huck, apresentador da TV Globo, participa de evento promovido pela revista Veja em São Paulo - MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
27.nov.2017 - Luciano Huck, apresentador da TV Globo, participa de evento promovido pela revista Veja em São Paulo Imagem: MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Daniela Garcia, Leonardo Martins e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

27/11/2017 17h50Atualizada em 27/11/2017 18h50

Após anunciar em um artigo publicado pela Folha que não será candidato à Presidência da República em 2018, o apresentador Luciano Huck ressaltou na tarde desta segunda-feira (27) que sua decisão é definitiva.

Embora no texto, escrito em primeira pessoa, o apresentador da TV Globo tenha afirmado que não vai se candidatar a cargo nenhum "nesta eleição", à tarde ele enfatizou que não pretende entrar na política nem mesmo no futuro. “Não vou ser político nunca. Não quero ser político”, disse e repetiu durante evento promovido pela revista Veja em São Paulo.

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Huck, porém, disse ter conversado com “pessoas de referência” nos últimos seis meses sobre sobre a eventual candidatura ao Planalto e revelou que sua desistência foi bastante pensada.

Não foi fácil tomar essa decisão [de desistir do pleito]
Luciano Huck, apresentador

Apesar das negativas e de, no artigo, ter escrito não saber quando seu nome passou a ser cogitado para a eleição presidencial, Huck admitiu que sua "voz está mais alta" após esse processo.

“Eu já percebi que minha voz está mais alta e eu quero usar a voz que eu tenho para potencializar de um jeito bacana pra todo mundo. Como a gente pode contribuir para ter um país mais legal", afirmou.

O apresentador negou ter “medo de ficar apanhando” durante o processo eleitoral. Ele diz que se manterá como um investidor em movimentos que pretendem impactar a política, inclusive, com pagamento de salário para postulantes a políticos. “A minha contribuição é em curadoria de gente”, afirmou.

Huck também negou que tenha sofrido pressão da Rede Globo para se decidir logo sobre a candidatura. “Isso não é verdade. Foi um sequência de fatos que foram acontecendo. Tudo que foi acontecendo, eu fui reportando [à emissora]", declarou, rejeitando ainda que a mudança de salário de apresentador para presidente seria um agravante. “O meu drive nunca foi dinheiro”.

Segundo Huck, ser pai de filhos pequenos pesou na sua decisão. “Seria uma ruptura para eles”.

Nem de direita nem de esquerda: "bom senso"

Em relação à ideologia política, Huck afirmou não ser de direita nem de esquerda. “Eu sou de bom senso”.

O apresentador fez a defesa de programas sociais para um “Brasil muito desigual”. “A minha conclusão dessas andanças [como apresentador] é que não adianta só ter uma economia liberal, se você não ter um olhar afetivo para o Brasil. O Brasil é muito desigual, se você não investir em saúde pra valer, em educação pra valer, não vai dar certo”, argumentou.

O apresentador não quis revelar quem seria seu candidato, caso aconteça uma disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). “Temos que ter uma opção de centro para discutir com clareza. Nesse momento, não tem”. 

Decepção com Aécio Neves

Perguntado sobre a relação de amizade com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a quem apoiou publicamente na eleição presidencial de 2014, vencida por Dilma Rousseff (PT), Huck declarou ter se decepcionado com o político, após vir a público uma conversa em que o tucano pede R$ 2 milhões ao empresário e delator Joesley Batista, um dos donos da J&F.

“Levante a mão quem na vida nunca se decepcionou com um amigo. Óbvio que eu me decepcionei”, afirmou. Indagado se ficou surpreso com o teor das acusações contra Aécio - investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de crimes de corrupção passiva e obstrução de justiça, ambos negados pelo senador -, Huck respondeu: “Com o modus operandi, sim”.