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Lava Jato: Cabral vira réu pela 16ª vez no RJ

Cabral chefiava esquema de propina no Estado, afirma o MPF - Antônio Cruz/Agência Brasil
Cabral chefiava esquema de propina no Estado, afirma o MPF Imagem: Antônio Cruz/Agência Brasil

Do UOL, no Rio

19/12/2017 13h41

O MPF (Ministério Público Federal) voltou a denunciar Sérgio Cabral (PMDB) à Justiça nesta terça-feira (19). É a 16ª vez que o ex-governador fluminense é denunciado no âmbito da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. O novo pedido de ação penal foi aceito pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, na tarde de hoje, poucas horas após a divulgação da denúncia.

A ação penal diz respeito a crimes no Funderj (Fundação Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro), objeto de investigação da Operação C'est Fini, realizada no mês passado.

 A C'est  Fini ("É o fim", na tradução livre do francês) faz alusão ao jantar ocorrido em 2009 no Hotel Ritz, em Paris, que ficou conhecido como "Farra dos Guardanapos". O encontro reuniu o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), ex-secretários do Estado e do Município, além de empresários hoje investigados na Lava Jato.

Também nesta terça, o juiz Marcelo Bretas condenou Cabral pela 4ª vez desde que ele foi preso na Operação Calicute, etapa da Lava Jato deflagrada em novembro do ano passado. Dessa vez, a sentença foi de 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. Somadas, as penas já aplicadas ao ex-governador chegam a 87 anos.

Após a nova condenação, o advogado Rodrigo Roca informou por nota que a defesa do ex-governador ingressará com novo pedido de suspeição de Bretas. Segundo o defensor, o magistrado pela primeira vez admitiu que condenará o ex-governador em todos os processos sob sua responsabilidade, ao dizer que "Sérgio Cabral é o principal idealizador do audaz esquema de lavagem de dinheiro revelado nos presentes autos e nas demais ações penais em curso neste Juízo".

Além de Cabral, foram denunciados à 7ª Vara nesta terça outros quatro investigados: Wilson Carlos, ex-secretário de Governo e apontado como braço direito de Cabral; Luiz Carlos Bezerra, descrito pelo MPF como um dos operadores financeiros do ex-governador; Henrique Ribeiro, ex-presidente do Funderj, e Lineu Castilho Martins, apontado como operador financeiro de Ribeiro.

Os cinco denunciados responderão por corrupção passiva. Ribeiro e Martins também estarão sujeitos a imputação por organização criminosa.

De acordo a força-tarefa, os suspeitos participaram de um esquema de cobrança e pagamento de propina relacionado a obras do Funderj, como a pavimentação da rodovia RJ-230 e de outras vias da região norte do Estado, além de intervenções nas rodovias RJ-220, RJ-186 e em estradas do município de São Fidélis.

Segundo a denúncia, o dinheiro ilícito teria sido pago pela União Norte Fluminense, responsável pelas obras, em favor de Cabral e de Henrique Ribeiro, com auxílio de Martins e Bezerra.

Entre 2008 e 2014, o esquema teria movimentado cerca de R$ 17 milhões. A investigação teve início a partir das anotações de contabilidade paralela de Bezerra, apreendidas na ocasião da Operação Calicute.

"Lineu Castilho era identificado, nas anotações de Bezerra, como 'Boris', também conhecido como 'Russo' e 'Kalash'. Ele teria aportado cerca de R$ 17 milhões para a organização criminosa, atuando sempre como braço direito e operador financeiro do ex-presidente da Funderj, Henrique Ribeiro, entre 2008 e 2014. A movimentação de valores se dava por dinheiro em espécie e este era internalizado no caixa dos criminosos, sendo, posteriormente, distribuído aos seus integrantes e parentes", narra a denúncia.

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