Carceragem da PF onde Maluf está detido em SP mantém donos da JBS e estrangeiros
Depois de se entregar à PF (Polícia Federal) e realizar exame de corpo de delito, na manhã desta quarta-feira (20), o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) aguarda decisão sobre seu destino na carceragem da superintendência da PF, na Lapa, zona oeste de capital paulista.
Segundo a PF, a carceragem é dividida em duas duas alas. Sendo que, ao todo, são 27 celas disponíveis para receber detidos. Cada cela tem 12 metros quadrados e abriga uma cama beliche. Ou seja, a capacidade é de até 54 pessoas.
Não é a primeira vez que Maluf fica detido na carceragem da superintendência da PF. Em 2005, também sob a suspeita de crimes relacionados a propina, ele chegou a ficar 40 dias no mesmo local onde está agora.
Atualmente, são cerca de 30 pessoas presas na carceragem da PF, sendo a maioria estrangeiros que aguardam processo de extradição. Além deles, Maluf ficará na mesma carceragem que os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS e investigados pela Lava Jato.
A PF informou que não é possível saber se Maluf e os empresários terão contato ou se estão na mesma ala da carceragem. Os empresários estão no local após ordem judicial, que entendeu que eles sofriam risco de morrer se estivessem em outros presídios.
De acordo com a polícia, Maluf pode ser transferido para um presídio de São Paulo, provavelmente para Tremembé, no interior do Estado, ou para uma ala especial da Papuda, em Brasília.
No entanto, a defesa do deputado informou que recorreria, ainda nesta quarta-feira, ao STF (Supremo Tribunal Federal), pedindo a suspensão da prisão do deputado federal.
Veja opiniões:
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- No caso de Maluf, a Justiça tarda e não chega
- Decisão vem com 20 anos de atraso e não alegra
Ao justificar o motivo do recurso, a defesa informou que Maluf, aos 86 anos, está com câncer de próstata, o que o deixaria em uma situação vulnerável dentro do sistema carcerário. Por isso, os defensores querem que, ao menos, ele cumpra a prisão de forma domiciliar até o julgamento.
"Ele está arrasado. Ele não esperava e nenhum de nós esperava essa prisão visto que tem embargos infringentes [tipo de recurso] que é de competência do pleno. Tinha que ir para o pleno e o pleno decidir", afirmou o advogado Ricardo Tosto.
Segundo o STF (Supremo Tribunal Federal), a ministra Cármen Lúcia pode analisar o pedido da defesa do Maluf porque ela está no plantão do recesso. Se ela julgar que o pedido é urgente, ela pode derrubar a decisão do ministro Edson Fachin. Caso ela não veja urgência, ela pode deixar o caso ao relator, e aí a análise só iria ocorrer em fevereiro.
Fachin, do STF, determinou, por volta das 16h de terça-feira (19) que Maluf comece a cumprir pena em regime fechado pelo crime de lavagem de dinheiro. Maluf foi condenado por dinheiro desviado de obras públicas e remessas ilegais ao exterior, por meio da atuação de doleiros.
O deputado foi condenado por ter participado de um esquema de cobrança de propinas na Prefeitura de São Paulo, em 1997 e 1998, que teria contado com o seu envolvimento nos anos seguintes.
Ao todo, o prejuízo aos cofres públicos municipais, em valores corrigidos, ultrapassa US$ 1 bilhão, segundo o Ministério Público. À época, teria sido retirado dos cofres públicos, em propina, cerca de US$ 400 milhões. As provas do crime começaram a ser juntadas em 2001 e a ação civil pública ocorreu em 2002.
Quem esteve à frente da investigação foi o promotor Silvio Marques. "É uma decisão histórica. Trabalhei e continuo trabalhando muito para isso. Foram diversas as ações que fizemos de crimes praticados por Maluf enquanto prefeito de São Paulo. A prisão dele é um recado de que não há impunidade", comemorou ao UOL.
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