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Meirelles diz que Temer é bom cabo eleitoral, mas "talvez não hoje"

Presidente Michel Temer com o ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles - Ueslei Marcelino 21.fev.2017 -/Reuters
Presidente Michel Temer com o ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles Imagem: Ueslei Marcelino 21.fev.2017 -/Reuters

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

21/12/2017 13h36Atualizada em 21/12/2017 14h19

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), declarou nesta quinta-feira (21) que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), é um bom cabo eleitoral, mas “talvez não hoje”.

“Eu acredito que sim [ele seja um bom cabo eleitoral]. Talvez não hoje, mas certamente será no ano que vem. Porque, com a recuperação da economia, não há dúvidas já começa a haver integrações e os índices de aprovação do governo vão mudar muito”, afirmou.

Pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e divulgada nesta quarta-feira (20) mostra que o percentual de brasileiros que avaliam o governo do presidente Temer como ruim ou péssimo é de 74%. Ainda de acordo com a pesquisa divulgada ontem, 6% avaliam o governo Temer como ótimo ou bom. Há três meses, esse percentual era de 3%. Outros 19% consideram o governo regular, ante 16% na pesquisa de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo Meirelles, é normal que os índices de aprovação ao governo estejam baixos, visto que a recuperação da economia ainda está em curso e há uma defasagem em relação à melhora nos dados fiscais e o resultado prático percebido pela população.

“Está claro que começa a reagir porque o Brasil passa de fato a ter uma melhora importante e cada vez mais evidente na sensação de bem estar”, falou.

Questionado se estaria disposto a defender Temer explicitamente nas eleições e ser o “legado” do atual governo, Meirelles afirmou enfaticamente que sim. “Se olharem mais tarde inclusive nos tuítes de hoje, verão que existe a defesa explícita do governo. Não há dúvida, porque é um governo que está tendo a coragem de fazer essas reformas e encaminhando esses projetos. É um momento do qual faço parte e estamos trabalhando juntos”, declarou.

Sobre o programa partidário do PSD que deve ir ao ar nesta noite, Meirelles negou que haja viés eleitoral. “Estou totalmente concentrado no meu trabalho como ministro da Fazenda. O programa do partido não tem necessariamente uma conotação de disputa eleitoral apesar de ser obviamente um programa partidário”, disse. Nesta quinta-feira à noite, o PSD vai transmitir em rede nacional programa de cerca de 10 minutos que tem Meirelles como protagonista. Segundo ele, o ato foi um gesto de “deferência” do partido e não existem quaisquer relações com 2018.

No vídeo, Meirelles diz que o brasileiro está "não quer saber de aventuras". "Estamos no rumo certo e não podemos dar nenhum passo atrás. Temos que ficar atentos: populismo e oportunistas fazem mal ao país. O Brasil exige competência, responsabilidade e ética", diz, no programa.

Na fala do programa, Meirelles ressalta o controle da inflação, a queda dos juros e do desemprego e busca se aproximar de uma linguagem mais próxima à realidade da população. Por exemplo, diz que a comida está “mais barata”, embora saiba que não está fácil “pagar a conta da água e da luz” e que não deu “tempo de todo mundo perceber” as melhoras.

O programa cita uma breve biografia dele e afirma que, enquanto presidente do Banco Central, promoveu uma “virada” na economia. No entanto, o programa não menciona que ele ocupou o cargo na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de 2003 a 2011.

Questionado pelo UOL sobre a omissão, o ministro respondeu que o vídeo é “partidário” e falou em nome do PSD. “Estava aqui para falar do partido, não da minha carreira. Falei o que tinha que falar exatamente. [...] Senão caberia falar também do Fernando Henrique Cardoso ou outros ministros etc”, argumentou.

Considerado um dos pré-candidatos à Presidência da República em 2018, o ministro afirmou que a possível candidatura tem uma ampla série de fatores a serem levados em consideração, começando com a própria disposição pessoal em entrar na disputa. Questionado pela reportagem se só se candidataria se alcançasse um percentual específico nas pesquisas de intenção de voto, o ministro falou que levará os dados em conta, mas não como um determinante.

“Eu posso pensar alto agora [já que perguntaram]. [...]  A mais importante de todas é a minha disposição pessoal no momento e de estar preparado para entrar em um processo desse tipo. Tem a própria decisão partidária, a questão do partido tomar sua decisão, as coligações. [...] E a posição nas pesquisas? Tudo evidentemente que for relevante será levado em conta na oportunidade”, afirmou.

Atualmente, Meirelles conta com 1% a 3% das intenções, considerando-se margens de erro. Em termos estatísticos, o resultado é percebido como inexpressivo.

Meirelles negou considerar a possibilidade de ser candidato a vice-presidente, mas esquivou-se ao ser questionado sobre o fato de o presidente Michel Temer não descartar a reeleição.

“A resposta dele é absolutamente correta. Como alguém vai dizer ‘jamais farei isso’? Ele está certíssimo. Não influencia em nada o que vamos fazer na medida em que eu nem tomei a decisão ainda. A postura dele é absolutamente legítima, correta”, defendeu.