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Segovia cavou o próprio problema com declaração desastrosa, diz associação de procuradores

Segovia esteve à frente da direção-geral da PF por cerca de três meses - 24.nov.2017 - Eraldo Peres/AP Photo
Segovia esteve à frente da direção-geral da PF por cerca de três meses Imagem: 24.nov.2017 - Eraldo Peres/AP Photo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

28/02/2018 14h48

A demissão de Fernando Segovia da direção da PF (Polícia Federal) foi vista pela associação de procuradores do Brasil como uma consequência direta pela fala dele a respeito do inquérito sobre o presidente Michel Temer (MDB). “Ele cavou o problema ao fazer uma declaração desastrosa”, avaliou José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). “Um diretor-geral não pode fazer pronunciamento sobre uma investigação em curso”.

Em entrevista à agência de notícias Reuters, Segovia afirmou que não havia indício de crime no inquérito que apura se Temer favoreceu empresas no porto de Santos por meio de um decreto em troca de propina. Ele também havia indicado que a investigação poderia ser arquivada em pouco tempo.

Para Cavalcanti, a saída de Segovia --que ficou no cargo por cerca de três meses-- não foi uma surpresa. “Foi um desgaste total”, disse. Na sua avaliação, o ex-diretor atropelou o MPF (Ministério Público Federal) ao fazer a declaração sobre o inquérito. O presidente da ANPR salienta que não faz juízo a respeito de Segovia, “que tem história na PF”, mas que, devido ao desgaste, não teria como continuar no comando.

Por causa das declarações, Segovia chegou a ser intimado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, relator do caso na Corte, a dar explicações. Depois desse encontro, Segovia se comprometeu a não fazer mais manifestações públicas sobre investigações.

Novo comandante

O substituto de Segovia é Rogério Galloro, tido por colegas como discreto e avesso a relações políticas.

Na avaliação de Cavalcanti, a Operação Lava Jato, feita em conjunto por PF e MPF, não deverá ser afetada pela troca de comando. “A Lava Jato é irreversível. Ela está sendo tocada por órgãos de Estado”.

Ele pontuou que não houve grandes mudanças com a chegada de Segovia para a saída de Leandro Daiello, que permaneceu no cargo por seis anos e dez meses. “Tanto a troca do Daiello por Segovia como a de Segovia por Galloro não vão afetar a Lava Jato”, acredita.

Galloro é o novo chefe da PF com demissão de Segovia

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