Coronel Lima diz não ter condições "físicas e psicológicas" para prestar depoimento
Após ter alta hospitalar, João Baptista Lima Filho, coronel da reserva da PM de São Paulo e amigo do presidente Michel Temer (MDB), não prestou depoimento à Polícia Federal, em São Paulo, nesta sexta-feira (30). Desde junho do ano passado, a polícia tentava ouvi-lo.
"Ele não revelou condições psicológicas e físicas de prestar o seu depoimento. Portanto preferiu reservar o seu direito de ficar em silêncio", disse o advogado Cristiano Benzota.
Segundo o advogado, Lima se comprometeu em prestar um depoimento em nova data a ser marcada pela PF.
Lima continuará detido na sede da PF, em São Paulo. A prisão temporária decretada tem duração de cinco dias, até a terça-feira (3).
O Coronel Lima é suspeito de ser responsável pela captação de recursos irregulares para Michel Temer, por meio de suas empresas, em especial a Argeplan e vinha justificando o não comparecimento em razão de restrições de saúde.
"Ele tem câncer, teve um AVC, está com 75 anos, isso tudo cria uma situação muito complicada para a saúde dele, ele não está bem", afirmou Benzota aos jornalistas na porta da PF pela manhã.
A arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher e sócia do Coronel Lima, também compareceu na PF para prestar depoimento nesta sexta.
A PF quer saber detalhes sobre a reforma da casa de Maristela Temer, filha do presidente.
Segundo Benzota, ela não faz parte da gestão da empresa responsável pela reforma e negou ter informações para contribuir com as investigações.
Prisão temporária
Ao autorizar a Operação Skala e mandar prender o coronel Lima, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso registrou que, para a Polícia Federal, a empresa Argeplan, de João Batista Lima, "tem se capitalizado" com recursos de empresas interessadas na edição do Decreto dos Portos e distribuído tais recursos para os demais investigados.
Sobre a capitalização da empresa do Coronel Lima, Barroso destaca que um relatório demonstra "crescimento exponencial" da empresa Argeplan nos últimos 20 anos, inclusive no setor nuclear, em parceria com a AF Consult do Brasil, o que se vê de um contrato no valor de R$ 160 milhões de reais com a Eletronuclear para as obras da Usina Angra 3, cuja obtenção, segundo José Antunes Sobrinho, só teria ocorrido por ser a Argeplan "ligada a Temer e precisou subcontratar a Envegix porque não tinha capacidade para o serviço".
Foram presos também o empresário e advogado José Yunes, o presidente da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, o ex-ministro de Agricultura Wagner Rossi, Milton Hortolan, auxiliar de Wagner Rossi, e uma mulher ligada ao Grupo Libra.
Segundo o procurador Hebert Mesquita, todos os outros oito presos na Operação Skala que estão na Superintendência da PF em SP já prestaram depoimento, entre eles Yunes, Grecco, Rossi e Hortolan. De acordo com Mesquita, a mulher de Lima, que não está presa, foi ouvida na manhã desta sexta.
Pela manhã passaram pela Superintendência da PF em São Paulo, advogados e parentes de alguns dos presos, que traziam sacolas com alimentos e roupas.
O presidente Michel Temer (MBD) é um dos alvos da investigação e está sob suspeita de beneficiar a empresa Rodrimar na edição do decreto voltado ao setor portuário.
Defesa nega acusações
Os advogados Cristiano Benzota e Maurício Silva Leite refutaram enfaticamente as suspeitas de envolvimento do coronel João Baptista Lima Filho no suposto esquema de favorecimento a empresas do setor portuário em troca de propinas.
"O sr. João Baptista Lima Filho refuta com veemência as acusações e afirma não ter qualquer participação nos fatos apurados no inquérito." A defesa afirma que "o estado de saúde do sr. Lima é muito delicado e que o seu quadro médico tem sido periodicamente informado às autoridades".
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