Topo

MTST invade tríplex no Guarujá atribuído a Lula

Mirthyani Bezerra*

Do UOL, em São Paulo

16/04/2018 09h29Atualizada em 16/04/2018 18h47

Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e da Frente Povo Sem Medo invadiram, na manhã desta segunda-feira (16), o apartamento tríplex no Guarujá (litoral de São Paulo) que levou à condenação e à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ação durou quase quatro horas e terminou após a Polícia Militar dar um prazo para que os militantes deixassem o imóvel.

Segundo o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência pelo PSOL, a PM informou que caso não deixassem o local prenderia os manifestantes. A Polícia Militar acompanhou a ação ao longo da manhã, tendo sido notificada da invasão às 8h58. A ocupação havia sido classificada pela PM como uma manifestação de caráter pacífico. 

"O triplex foi desocupado, mas o recado ficou. É evidente que não tinham ordem: quem pediria a reintegração de posse?", disse Boulos no Twitter.

A ItaBrasil Gestão Imobiliária, que é quem administra o Condomínio Solaris, informou que o grupo quebrou a trava do portão de entrada e seguiu diretamente para a cobertura 164A. "Nenhum outro caso de invasão a unidades ou vandalismo no condomínio foi registrado", informou por meio de comunicado.

Os manifestantes colocaram uma grande faixa do movimento na varanda do tríplex, que é virada para a fachada no prédio. Um grupo de militantes também de aglomerou na rua em frente ao edifício, que fica em frente para a praia de Astúrias, gritando palavras de ordem.

O anúncio da ocupação foi feito por Boulos por meio das suas redes sociais. "Se é do Lula, o povo poderá ficar. Se não é, por que então ele está preso?", disse em postagem do Twitter.

Ao UOL, Boulos afirmou que cerca de 250 pessoas participam da ação desde as 8h e que elas permanecerão no local por tempo indeterminado. Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", são cerca de cem manifestantes, informação confirmada pela Prefeitura do Guarujá ao UOL

Integrantes do MTST entram no tríplex do Guarujá

TV Folha

"A ocupação é para denunciar a farsa judicial que é a prisão do ex-presidente Lula. Se o apartamento é do Lula, o povo está autorizado a ficar lá. Se não é, eles terão que explicar porque o Lula está preso", disse Boulos.

Em tom de ironia, Boulos disse que se o apartamento é de Lula essa é a primeira vez que o MTST faz uma ocupação com o aval do dono. "Pela primeira vez, o MTST faz uma ocupação consentida pelo proprietário. Agora se o tríplex não é dele, o juiz Sérgio Moro vai ter que vir se explicar, ou quem vier pedir reintegração de posse vai ter que vir aqui se explicar por que é prendeu o Lula por conta disso, de um apartamento que não é dele”, disse Boulos em tom de ironia em vídeo publicado no Facebook.

O líder do PT do Senado, Lindbergh Farias, disse que se o apartamento é de Lula, só ele pode pedir a reintegração de posse. 

O senador chegou a pedir em suas redes sociais que a militância de São Paulo fosse para frente do tríplex. "Quem puder se dirigir ao edifício do triplex, que o faça logo. É fundamental que a ocupação tenha forte apoio! Doações de alimentos também são necessárias", disse na sua conta no Twitter. 

O apartamento avaliado em R$ 2,2 milhões será leiloado em 15 de maio. Ele é atribuído ao ex-presidente Lula, mas a defesa do ex-presidente sempre negou que ele fosse o proprietário do imóvel. O petista foi condenado sob a acusação de ter recebido R$ 2,4 milhões em propina da OAS referentes a contratos da empreiteira com a Petrobras.

O UOL entrou em contato com o leiloeiro do imóvel Afonso Marangoni e foi informado que ele cuida apenas de questões ligadas ao leilão e que não é de sua competência comentar a ocupação do MTST. A assessoria de imprensa da OAS afirmou que a empreiteira não irá se manifestar sobre o fato. 

O valor corresponde à reserva do tríplex e à reforma do imóvel. Lula foi condenado a 12 anos e um mês de reclusão, e está preso desde o dia 7 de abril na sede da Polícia Federal em Curitiba. Lula diz ser inocente, diz que não quis o apartamento e que não há provas contra ele. No começo de abril, o UOL visitou o local.

UOL visita tríplex no Guarujá (SP) que levou Lula a ser condenado

UOL Notícias

* Com colaboração de Luís Adorno, do UOL, em São Paulo